terça-feira, maio 31, 2005

O Post Conceptual: Aí vai um à moda da Margarida Rebelo Pinto...

...porque por estes fins-de-semana também eu completei uma trilogia: “As-Danças-Que-Não-Me-Deixam-Pensar-Noutra-Coisa-Durante-Semanas”.

Episódio I: Pré-adolescência

Eu estava para lá abandonado num canto duma garagem poeirenta, quando ela, a mais velha e a mais gira, anuncia:
“-Eu danço com ele...anda...”

A música era do Vangelis...era a banda sonora daquele filme em que uma série de atletas ingleses meio amaricados tentam bater o record da milha e vão aos jogos, etc...”Momentos de Glória” era o nome do filme, se não me engano...como “slow” adaptado, a tal música tinha os seus prós e contras...era bastante foleira, mas, por outro lado, os seus mais de 8 minutos (ou 20?)de duração garantiam um bem estar prolongado...na altura pareceu eterno...

Não suei das mãos e deu para uma paixoneta não correspondida que durou p’raí dois anos...

Episódio II: Pós-Universidade

Eu estava para lá abandonado num canto de um pub apinhado de turistas, quando ela, a mais nova e a mais gira, anuncia:
“-Agora danças comigo...anda...”

A música era do...bem, não sei de quem era...era latina, daquele tipo que o espanhóis ouvem às pazadas e a malta finalista dança trôpega lá em Cuba ou na República Dominicana...como dança mexida, a tal música tinha os seus prós e contras...era bastante foleira, evidenciava a minha total falta de jeito, chegando mesmo a provar que quando era bebé devem ter trocado as minhas ancas por dobradiças em ferro fundido que por aquela altura já deveriam ter bastante ferrugem, mas, por outro lado, os seus mais ou menos 4 minutos de duração garantiam uma dança bem próxima com muitas trocas de (sor)risos à mistura...na altura pareceu eterna...

Não suei das mãos e deu para uma paixoneta não correspondida que durou p’raí dois anos...

Episódio III: Idade (quase)Adulta

Eu estava para lá abandonado num canto do buraco com música alternativa cá da terra, quando eu, o mais cheio de sono, anuncio:
“-Vamos embora ou ouvimos a próx...afinal, não...epá, esta tenho de dançar...”

A música era dos Blasted Mechanism: “Blasted Empire”...o esgrovianço pseudo étnico do momento... como som a atirar para o drum n’ bass, a tal música tinha os seus prós e ...acho que só tinha prós...é bastante porreira, deita por terra a teoria das dobradiças ferrugentas, provando que se eu gostar da música, volto a parecer humano, os seus menos de 5 minutos de duração ainda deram para reparar em ti, do outro lado da pista, a gostar tanto como eu da música, mas tu sabias dançar...acho que houve uma troca de olhares...na altura pareceu eterna...

Não suei das mãos (porque ainda segurava numa boémia fresquinha) e não sei no que vai dar...não te conheço, lembro-me das tuas tranças...não fui capaz de ir falar contigo, não te podia dizer:
“Sabes, vou escrever sobre ti...”



NDR: o título foi um acto de contricção devido à lamechice patente neste post. Qual não é o meu espanto, quando descubro que a senhora em questão tem mesmo uma Escola de Escrita Online!!!

Quero desde já declarar, sob minha honra, que em nenhum dos posts por mim publicados, incluindo este, levei em consideração as lições propostas por essa senhora. Por enquanto, ainda tenho a minha dignidade, SEI LÁ...

quarta-feira, maio 25, 2005

Reticências...

...já repararam que eu abuso das reticências?...talvez seja deliberado, talvez seja por preguiça...o que é facto é que não escrevo tudo o que penso e escrevo menos do que digo...

"A culpa nã' é minha, é da tipografia!!!"

terça-feira, maio 24, 2005

“Porque citam leis, não vêem que trazemos espadas na mão?”



A grande confusão está novamente instalada.
Mais uma vez voltámos a ter um relatório independente que aferiu a dimensão da diferença entre as receitas e as despesas do Estado.
Mais uma vez esta diferença pende em larga medida para o lado da despesa. Larga medida porque não são 6,83% das receitas do Estado. São mesmo do PIB Português.
Mais uma vez se instalou o discurso do “Acudam-me!”. Que não temos dinheiro que suporte a actual dimensão do Estado. Dimensão do Estado essa que é feita de funcionários públicos, ministérios e secretarias de estado, de pensionistas (devido a baixos rendimentos, velhice, invalidez, ou trabalho agrícola), de investimento público (central, regional e autárquico), de reformados, de autarquias, de polícias, das forças militares, do sistema de justiça, do SNS, dos serviços florestais, dos transportes públicos, das estradas, das auto-estradas, de imprensa, do sistema educativo, etç, etç... e de políticos, que gerem o património público. Que gerem.
Para início de conversa proponho o choque ao choque. Todos os anos o Banco de Portugal lança o relatório que analisa o orçamento de Estado, a execução orçamental recente e as previsões para o futuro (para a economia mundial, portuguesa e para as receitas e despesas estatais). Todos os anos recebemos diversas estimativas macroeconómicas, quer do FMI, da OCDE, do Banco Mundial, do Eurostat. Somos um país relativamente conhecido e como tal analisado pela imprensa internacional mais ou menos séria, mas aonde se incluem análises económicas e políticas com alguma honestidade intelectual (Financial Times, Economist, ou até mesmo o El País).
De onde vem o choque, a estupefacção?
Nos últimos 6 anos (ou mais) vejo sempre os mesmo economistas ou fiscalistas, comentadores, análises e propostas (Miguel Beleza, Silva Lopes, Sérgio Figueiredo, Vítor Constâncio, Teodora Cardoso, Medina Carreira, Saldanha Sanchez; Teresa de Sousa, Nicolau Santos; redução da estrutura da despesa, combate à fraude fiscal através do fim do sigilo bancário, reestruturação do funcionalismo público através da diminuição de quadros excedentários e do fim do excesso de nomeações políticas para órgãos que envolvem sobretudo competência técnica; etç, etç).
E agora está tudo chocado com a dimensão do défice? Chocado estou eu, com o choque dos outros... sobretudo porque, alguns, não têm qualquer desculpa para estarem chocados. Até por formação, nem desculpa têm para confundirem conceitos. Pelo menos estes. E parece-me a mim que estiveram de alguma forma relacionados com as últimas opções políticas...
Agora que nos anestesiaram, o que vão fazer? Espero que algo, isto não é suposto ser um manifesto à continuidade da desgraça...


PS- a frase do título é (foi) de Pompeu.
Lx

eu ao menos não pintava o cabelo


Phil Spector em maus lençóis.
O produtor de música Phil Spector responde, no Supremo Tribunal de Los Angeles, no caso do homicídio de Lana Clarkson, uma actriz de filmes de série B. Os juízes anunciaram que vão considerar quatro das dez provas apresentadas que, segundo a acusação, ilustram bem o hábito de Spector em apontar armas a mulheres.
Foto: Damian Dovarganes/AP
Público
Lx

segunda-feira, maio 23, 2005

Episódio III: A vingança da "Mata" Mourisca...

Este fim-de-semana foi fértil em festas mouras, um exemplo interessante foi este, que decorreu em Mértola, o outro vou documentar de seguida:

Mal a Briosa empatou no Dragão, saí de casa para ir entregar dois filmes que tinha alugado, antes que fosse engolido pelos pipipis...estava na bicha do clube de video, quando vejo, na grande TV que eles lá têm, uma velha, já com voz de quem não vai gritar muito mais vezes nesta vida, a vociferar:
"-Morte a todos os portistas!!!..."
Eu virei-me para o dono da loja, velho conhecido e disse:
"-Olhe desculpe... já não lhe pago os filmes...se não se importa, vou ali mandar-me da varanda abaixo, está bem?"

Bom...eu não sei o que eles querem com esta a atitude...se desejam a morte aos adversários, é porque concerteza preferem ver o Estádio da Luz alugado para festas de casamento e baptizados...

A todos os benfiquistas que não são doentes...os meus sinceros parabéns...estou solidário com a vossa sina que é pagar bilhete para ouvir música dos UHF...

No entanto, neste momento, do alto do meu desportivismo, só um sentimento me invade: Força Setúbal, Força Bruno Moraes!!!

sexta-feira, maio 20, 2005

A inspiração mora perto...



Andavam ainda os colaboradores deste blog em congeminações em relação à abertura do mesmo e completamente ás aranhas em relação ao respectivo nome de baptismo, quando uma viagem de fim-de-semana, por estes lados, nos inspirou o nome “Fisterra”...um dos vários fins-de-mundo, geográficos e não só, que por lá descobrimos na referida expedição pascal...

Originalmente optámos pela designação portuguesa “Finisterra”, mas esse blog já existe e nele podemos aprender, entre muitas outras coisas, que “finisterra” é uma designação geral para as zonas onde a terra mais invade o mar, ou seja, os “cabos”...decidimos então pela língua galega, daí: “Fisterra”. Se perguntarem ao oráculo, aprenderão que, ao contrário do que os romanos pensavam, o Cabo Fisterra não é o mais ocidental da Europa Continental, mas sim o luso Cabo da Roca...mas, por outro lado, no tempo dos romanos quem construía faróis imponentes como este, em terra galegas eram tipos de Coimbra, ou melhor, Conimbriga...

A foto acima mostra a finisterra que mais perto fica de casa, o Cabo Mondego com o seu Farol...mostra também que ás vezes é preciso ir longe, para nos lembrarmos do que temos por perto...

No entanto, é preciso não esquecer que foi o fogo criminoso que me permitiu “chapar” esta foto, ao despir as encostas da Serra da Boa Viagem de pinheiros e vesti-las com acácias, que são uma praga...

Quanto ao porquê de um “fim-de-mundo” nos inspirar o nome do blog, isso fica para uma tarde...mais tarde...

segunda-feira, maio 16, 2005

Em (des)Foco...


Após 2 anos de pesquisa diária doentia, comparando exaustivamente dezenas de características que serão no mínimo irrelevantes para a minha actual (falta de) performance como fotógrafo, lá consegui escolher uma máquina fotográfica digital...

Devido aos meus vastos anos de experiência com bonitas e práticas “Kodaks” convencionais (como esta ou esta), que basicamente só tinham botões para disparar e mais nada, desatei a fotografar com a minha máquina nova em modo manual, tentando afinar tudo e mais alguma coisa...os resultados definitivamente não foram brilhantes...o que vale é que nas digitais o método tentativa/erro só gasta baterias e paciência...e nas digitais fotografa-se tudo e mais alguma coisa, tudo é alvo, nem que sejam postais pendurados na parede...

A fotografia acima é um desses exemplos de tiros ao lado...no entanto, resolvi ficar com ela porque a sua (in)definição faz com seja uma excelente imagem para o desktop do computador...
Não deixo é de pensar é que, se calhar, esta foto representa correctamente como é a visão actual do mundo sobre uma das personagens importantes do séc. XX, conhecida essencialmente por revolucionar o negócio das t-shirts, entre outras coisas menores (revoluções, etc.)...ou seja, uma visão desfocada...

Ps: Se por instinto procurarem este site, vejam a surpresa que vos reserva: uma pista sobre aquilo que eu faço para pôr pão na mesa...quer dizer, neste caso, comida de plástico...

sexta-feira, maio 13, 2005

O prometido é devido...



...e apenas prevariquei por causa de assuntos inadiáveis, ou seja, o futuro do Octávio Machado.

Se me perguntassem há uns tempos atrás que tipo de torneiras queria para os WCs da minha nova casa, eu diria que, como macho desligado destas coisas que sou, qualquer coisa serve...o mais barato, por favor...

Mas a máfia das lojas de sanitários tem o esquema bem montado, já que, mal pisamos o seu mundo, a importância relativa das coisas altera-se completamente. De facto, no campeonato das torneiras para a WC, a mais barata (qualquer coisa serve, não é) é a mais atarracada, a mais gorda (luzidias são todas), tem manípulos sem graça, etc...e um gajo dá por ele a triplicar o seu orçamento inicial para torneiras, porque olha vê outra e diz:
“-Epá, isto sim é uma torneira...tem dézaine e tal...este manípulo central de coordenadas esféricas, dá-lhe outra graça...”.

Eu tentei resistir, mas a presença de um elemento feminino no processo de escolha dos materiais, aniquilou qualquer tentativa de voltar à sensatez que caracteriza o homem...O homem da loja parou a bola no peito e engavetou o remate ao canto superior direito sem hipótese para o guarda-redes forasteiro...

Aqui fica então para a posteridade uma das torneiras escolhidas, não esquecendo que o erro é duplo, já que não podemos ter a torneira do(s) bidé(s) a destoar, pois não?

Quando inaugurar a casa, algum amigo vai-me perguntar:
“-Então pá, não ias montar um sistema de cinema em casa à maneira?”
e eu respondo:
”Epá, para já não...mas tenho ali umas torneiras para te mostrar...”

A muralha de Palmela...

É verdade...ouvi hoje na rádio, o Octávio vai ser candidato à Câmara Municipal de Palmela (!!!) pelo PSD...em declarações à mesma rádio o líder da concelhia exclamou:
"É um valor seguro. É tão popular que até tem um boneco no Contra-Informação!!!"
Pronto, ok...ficámos a saber que tem currículo, afinal quantos responsáveis autárquicos têm o seu boneco na TV, hã?

Se ele for eleito, já estou a ver as notícias:
"Câmara Municipal de Palmela aprova construção de Grande Muralha em volta da AutoEuropa, de inspiração arquitectonica chinesa." em declarações proferidas na altura o Presidente afirmou:
"-Aqui ninguém deslocaliza nada!!! Os palmelões em questões de trabalho, trabalho, trabalho batem qualquer chinês ou eslovaco, os senhores da Volkswagen sabem do que eu estou a falar!!!"

quinta-feira, maio 12, 2005

"povo que lavas no rio"

Sim senhor, então vamos lá continuar a traulitada (estamos a “evoluir” lentamente, de blog a casa de fados e, daqui a pouco, a roullote de bifanas).

Quanto à história da penitência musical, pela oratória não me pareceu que tenhas convivido muito bem com a caricatura (será isto caricaturável?"). E falei no plural sem procuração. Daí o pedido de desculpas.

Não esqueçam a política, era mesmo não esqueçam a política. Incluam-na na estatística. Estou farto de energúmenos em lugares de decisão.

Qual é o comentarista que só faz comentário? Pelo que sei, o Nicolau Santos é “apenas” jornalista. Ou seja, engloba-se facilmente na categoria dos comentaristas profissionais. E é dos poucos que parece perceber do que fala (ou pelo menos entretém-me). Não me parece que o faça por refúgio (mas isto já é parapsicologia minha).

Confesso que a partir de certa altura me baralhaste. A opinião dele (do Delgado) não interessa nada porque ele não percebe de nada ou interessa porque ele tem um cargo relevante? Eu confesso que o leio (pois já não o consigo ouvir) da mesma forma que vejo um jogo do Benfica (a puxar pelo adversário). E, infelizmente, o que este indivíduo diz é importante. Não pelo conteúdo intelectual (nulo), mas porque nos permite perceber alguns factos com os quais somos obrigados a conviver (pelos visto o último é o branqueamento de autarcas).
Já agora, costumo ler comentários (e factos também). O que é diferente de mudar de sentido de voto ou de posição por causa deles (sinceramente é algo a que não consigo responder, por um isolado creio que nunca o fiz, mas por vários creio que sim).

Também apenas pretendo expor os meus pontos de vista (afinal, por isso é que isto não serve para nada).

Não pares de escrever. E deixa lá isso dos bidés e o camandro.

Lx

Contra-Contra-Post...

Já que falaste na Amália, parece que gostaste da ideia da casa de fados, vamos lá continuar a desgarrada, com uns esclarecimentos:

1. Quanto à história da música não te penitencies, que não vale pena, era só para dizer que nestas coisas da música, para mim, tem tudo a ver com sentimento, pouco ou nada com raciocínio ou saber acumulado. Se insistires em te penitenciar, pagas-me uma destas e pronto.

2. "Esqueçam a política..." digo isto no sentido em que me ia estragar a estatística do nº de “tipos que sabem do que estão a falar”.

3. Exactamente por saber da posição profissional do Luís Delgado é que escrevo: "...especialmente quando os “comentaristas” começam a ocupar lugares de responsabilidade e os responsáveis reformam-se douradamente e refugiam-se na arte do comentário...".

4. Penso que assim como o pessoal vai o futebol para ver golos, já haverá quem leia o Luís Delgado apenas para ver qual será a próxima alarvidade que ele debite, tipo número de circo.

5.E por isso o tal "Isso não interessa nada..." perdoem-me, mas gosto mais do jornalismo factual (embora a decisão de mostrar factos também seja política), do que dos "comentaristas". Não interessa nada para mim, que nunca mudei o sentido de voto, ou posição sobre qualquer assunto, por causa dos comentários. Pelo contrário, coisas simples como filmes de domingo à noite, já me fizeram mudar, como já referi.

6.O título deste post é ilusório, já que não é minha intenção contrapor ou sobrepor pontos de vista, apenas expor os meus.

7.Apesar dos remorsos, que eu saiba ainda não parei de escrever, nem retirei posts. Isto são só os dentes de leite a nascer.

O próximo post já vai ser sobre torneiras para bidés, que isso sim, não interessa nada...

"Entra Pacheco!"

Não sei precisar há quanto tempo foi exactamente, mas talvez tenha sido há 3 anos. Conjuntamente com a exposição World Press Photo, estava uma outra, doméstica, promovida pela Visão, com o parâmetros em tudo idênticos à primeira, mas recorrendo apenas a fotografias nacionais. Nela fiquei a saber a origem da expressão que serve de título a este Post. Pacheco era um dos guitarristas que acompanhavam Amália e, segundo me lembro, era o encarregue dos “solos”. O “Entra Pacheco!” era o mote dado pelo público assim que sentia que o artista ia embalar para mais uma “guitarrada”.

Transformado que está este Blog numa salada russa de contra-emoções, venho desta forma prolongar um pouco mais a rapsódia.

Por forma a não alterar a ordem, gostava de começar pela crítica musical. Caricaturei uma cena que não me envolvia só a mim e, como tal, percebi agora que ultrapassei a barreira das minhas competências. Gostava de realçar que não quis desta forma pôr em causa o gosto ou sabedoria de ninguém. O propósito era incidir a caricatura sobre mim, mas de boas (e más) intenções está o inferno cheio. Não julguei que fosse dramático, mas aqui fica a minha penitência.
Para encerrar este capítulo, o que eu achei destes em 95 foi precisamente que tinham presença em palco para dar e vender. Não foi preciso dizer que “se gravasse um disco ao vivo era aqui” nem usar 32 fatos durante o concerto.

Em segundo lugar, porque acho que importa ouvir os comentadores. Como penso que não disfarcei, não gosto do Luís Delgado. Ou melhor, não o conheço como pessoa, até acredito que possa ser um pai extremoso, um marido fiel ou um filho exemplar. Mas para além de raramente concordar com as suas opiniões, não creio que sejam baseadas em critérios inocentes.
Embora me desse jeito pensar que ele é burro, desprovido de intelecto e incapaz de encadear um raciocínio lógico, tal não acontece. Julgo (e julgar é demasiado fácil) é que por variadíssimas ocasiões ele caiu na tentação de me fazer passar a mim, o espectador, por um ignorante, por papalvo, por imbecil. Apenas a título de exemplo, o argumento de que a única coisa que Marques Mendes vai conseguir ao não autorizar a recandidatura de alguns autarcas suspeitos ou mesmo culpados por crimes ou ilicitudes fiscais é perder câmaras do PSD, creio, do alto da minha sobranceria que é muito pouco para alguém que se diz comentador político. E “isso no fundo não interessa para nada”? Cada um terá a sua opinião, a minha, é que sim. Porque se está a falar de um membro de um conselho de administração de uma empresa de capitais públicos que concentra e tutela vários órgão de informação. Ou seja, “detentores de alguma responsabilidade (e consequência) na sociedade em geral (indústria, banca, saúde, educação, justiça, construção, administração pública, etc...esqueçam a política)”. Mas a imprensa é só política e isso não influencia a vida das pessoas?. Não esqueçam a política.

Dado que mais uma vez me alonguei em demasia, para já fico por aqui. Apenas “um posterior”. Nas poucas conversas que ainda conseguimos articular sobre a criação deste Blog, pouco ou nada ficou decidido. Mas creio que uma coisa posso assegurar, não foi para ficarmos com remorsos. Ainda no outro dia um amigo meu me perguntou, “mas ouve lá, para que é que serve um Blog?”. Ao que eu respondi “Bem, servir servir, não serve para nada”. E vai daí, criou também um...
Lx

quarta-feira, maio 11, 2005

O que resulta de um espelho em frente a outro?

Como diz o meu chefe: “uma prévia”...este post era para ser um “comment” a este outro post, mas cresceu tanto, que resolvi promovê-lo a post independente. Faço desde já notar a tendência para “cross references” entre os autores do Fisterra. Se isto continua, bem podemos mudar o nome do blog para “Os Tristes – Casa de Fados e Petiscos”, tal o nível da desgarrada...

Mas vamos ao que interessa...em 1º lugar, quero-me distanciar daquela história de “comentar os concertos sem perceber nada de música” sugerida pelo meu colega de blog naquele post. Eu vou a concertos e ouço discos, não para perceber mais ou menos de música, mas porque gosto. Emito opiniões baseadas no meu gosto pessoal e não na minha (i)literacia musical. Aliás, há situações paradigmáticas: estes gajos realmente não tem nenhuma presença em palco, mas gostei do concerto que vi deles em 95, como gostei de poucos. No máximo, posso emitir considerações sobre a originalidade da música, mas sempre, sempre dentro dos limites do meu, e só meu, universo. Não sou jornalista ou crítico, nem tenho pretensões de o vir a ser...fundamentalmente não me pagam...Será isto caricaturável? É capaz de ser...

Em 2º lugar, quanto à questão da qualidade/tipo dos “comentaristas” , “Pepsi Challenge”, eu acho que isso no fundo não interessa para nada...e passo a explicar: No filme “Hotel Ruanda” a dada altura o “nativo” principal agradece a um repórter de imagem da BBC o facto de ele ter conseguido filmar o massacre, ao que ele responde: “-Não me agradeça, as pessoas no conforto dos seus lares, vão olhar para a TV, exclamar os horrores e vão seguir jantando, continuando o seu quotidiano impávidas!”. Isto na maior parte dos casos é verdade...eu próprio quando vi o filme, fiquei chocado, até meti um post no blog, mas confesso que não perdi uma hora de sono...

Ora, se isto acontece quando o assunto é genocídio, vejam em baixo o que acontece no meu cérebro quando vejo os “comentaristas” a opinar sobre a “conjuntura económica actual”, mesmo quando o comentador é alguém tão abjecto como este:
20h15m32s “Este gajo é um cromo...não percebe patavina...”
20h15m36s “Mãe...passa aí outra costeleta...”
20h15m40s “Amanhã levo o carro à revisão...”
20h15m50s “’cadito mais de alho não matava...”
20h16m00s “O que é que o gajo disse? Pai? Ah, deixa para lá...”

Acresce que os comentários normalmente são à “posteriori” e quando lhes pedem previsões, os comentadores jogam mais à defesa que os “reds” em Anfield Road em meia final da Champions. Já viram alguma vez o curso dos acontecimentos reais ser alterado devido a considerações feitas por um comentador? Bom, talvez sim, o Professor encarregou-se disso...mas com os “comentaristas” que fazem vida apenas disso, a inconsequência reina...

Eu estaria mais preocupado se dividíssemos os detentores de alguma responsabilidade (e consequência) na sociedade em geral (indústria, banca, saúde, educação, justiça, construção, administração pública, etc...esqueçam a política) nos tais tipos a), b) ou c) e os “tipos que sabem do que estão a falar” fossem uma minoria. Ou seja, estou preocupado...especialmente quando os “comentaristas” começam a ocupar lugares de responsabilidade e os responsáveis reformam-se douradamente e refugiam-se na arte do comentário...

Em último lugar, lembro que o tipo do laçarote no artigo visado pelo meu colega, enumera casos de sucesso internacional de personalidades ou empresas portuguesas (esquecendo-se de outros, entretanto perdidos em jogos políticos e mediáticos). Esse sucesso existe antes de mais, porque souberam responder antecipadamente com eficácia e eficiência às necessidades das pessoas e não devido à tão propalada “conjuntura económica actual”. Podemos ter a melhor conjuntura de todos os tempos, se nessa conjuntura produzirmos serviços e produtos desinteressantes, a quem os vendemos? E pela análise aos comentários do público em geral (no site) ao tal artigo, ficamos a saber que se não conhecermos ninguém, podemos inovar à vontade que ninguém nos pega, pelo menos em Portugal...

Este post demorou bem mais do que 1/2 hora a escrever, mesmo sendo uma visão pragmática, troglodita e ignorante...deverei ficar preocupado? Ou será que devo preocupar-me mais com a extrema incoerência do que agora escrevi, já que me remeti à posição de “comentarista”?

O que eu sei é que, mal acabo de escrever posts como este, este, este ou este, me dá um remorso enorme...

"pepsi challenge"



Como já tive hipótese de referir, isto cada um faz pela vida como melhor entender. No entanto, enquanto uns têm o condão de conseguirem a minha discordância mal lhes ponho a vista em cima, há outros que conseguem precisamente o contrário.
Até porque há quem não encaixe devidamente o que quer dizer a expressão “ciência social” (por exemplo, a “Caras,” é só "social"), e numa altura em que se percebeu finalmente que não é agradável o país não ter dinheiro (défices orçamental, externo e afins) somos invadidos todos os dias por "comentaristas" ternurentos e cândidos de tão verdinhos que são nestas coisas de fazer uma “análise da conjuntura económica actual”.
Esta é, aliás, uma expressão sintomática para avaliar o calibre do indivíduo que nos vai debitar o sermão. Não que esteja incorrecta, mas porque, através da entoação que lhe é conferida, consegue-se logo fazer uma triagem. Grosso modo temos:

a) os que lhe dão um ar catedrático logo, não percebem nada disto
(do género Gabriel Alves: "craveira técnica" ou "bebeu da escola Italiana");
b) os campeões do consenso com o jornalista entrevistador, que também está desejoso de "não aprofundar em demasia a questão para não baralhar os espectadores lá em casa" e que aceita de bom grado qualquer frase que nos remeta para a "questão essencial" (que normalmente está relacionada com a vida pessoal de um político qualquer),
(tipo aqui o pessoal do fisterra, que não percebe nada de música, mas para não darmos o braço a torcer exclamamos sempre a meio de cada concerto "estes tipos têm muita presença em palco", ao que o outro responde: "oh sim, sim, estes gajos são muito bons")
c) e o resto do mundo, onde por vezes se incluem tipos que até sabem do que estão a falar (esta última hipótese com muito menos aderência à realidade, sendo que, quando se verifica, sou eu que me apercebo que não "pesco" nada disto).
Vai daí, conjugando esta tendência com a mais recente no que ao editorial diz respeito, depois de já ter publicitado este artigo (que, repito, subscrevo), fica aqui o prolongamento (que continuo a subscrever).
Quanto a este, aceitam-se sugestões: a), b) ou c)?
Lx

terça-feira, maio 10, 2005

Consegui!!! Fotos, finalmente...


Após descobrir em diversos fóruns que há muitas pessoas que, como eu, sem motivo aparente e dolorosamente patente aleatoridade, não conseguem carregar fotos para o blog através do Hello ou do Picasa, estudei alternativas e encontrei esta aqui.

Trata-se de um álbum fotográfico na web que me vai permitir largar aqui fotos enquanto não gastar o saldo de 20 Mb por mês...a ver vamos quanto dura.

O meu colega de blog mostrava-se há uns tempos nostálgico por umas férias...esta é a minha contribuição. O objecto: Prancha de Snowboard Nitro Punisher, o local: Malbun no Liechtenstein entre o Natal de 2004 e o Ano Novo...

Eu e a Punisher (ou a Castigadora) desbravámos encostas do pequeno país, da Suíça e da Áustria com grande satisfação. Os "castigos", esses foram frequentes, especialmente no meu corpo, evidenciando o meu gritante amadorismo nos desportos da neve...

No entanto, diverti-me à brava, muito por graças do anfitrião que tornou essas férias possíveis...descanso físico, não houve...mas o descanso mental de estar a comer strüdel de maçã a 2200 m de altura numa esplanada panorâmica compensa tudo...

Auf Wiederblogen, agora com Fotos!!!

o irracional na senda da liderança



Ora então já estamos. Já quase na barreira dos 40.000, começou-se a noite a recordar aquele meu. O relato comoveu o estádio e parece-me que também os jogadores.

A enchente já se tinha feito notar no metro, mas o abençoado B10 lá manteve os lugares do costume livres.
A “curva” transbordou em desabafos, desde o “nascemos para sofrer” - aos 89’ após uma falta desnecessária; ao “este gajo lixou-nos o campeonato” - depois do amarelo ao Liedson (sendo que o gajo era o árbitro); ao meu favorito da noite, “vamos lá #*€£-@& em casa, para a semana até a barraca abana!” - isto já na descida do 2º balcão.

Brejeirice à parte, o que mais retive foi o clima particularmente efusivo. Depois do último embate, o estádio, ao rever a equipa, fez lembrar um casal de namorados todos melosos antes do primeiro arrufo (que segundo me lembro começou com estes dois a voltaram a asneirar na defesa). E, claro, para a história vai ficar toda a sequência do golo.

Já com o Capitão em campo, falta sofrida do lado esquerdo do ataque, fora da grande área. Tello para a marcação. O público começa a marcar o ritmo ao som das palmas:
“TA tete TA tete TA tete TATATATA!
tete TA tete TA tete TATATATA!
tete TA tete TA tete TATATATA!”.
Tello olha, parece tranquilo. Pé esquerdo, bola sobre a barreira, Palatsi estático.... “Bandeiras desfraldadas ao vento! É disto que o meu povo gosta!”
Lx


PS – depois de arrebanhar tudo o que eram fotografias a diversos “sites da bola”, vou agora tentar utilizar produção caseira. Já sei que não vou conseguir, mas aqui fica a primeira tentativa. Pareceu-me um bom sítio para beber uma “jola” quando tudo estiver resolvido (bem ou mal).

segunda-feira, maio 09, 2005

A ameaça asiática...no Ruanda...

Ontem fui ver o "Hotel Ruanda"...no meio da estupefacção e do choque perante o terror descrito...constatei que a tentativa de limpeza étnica naquele país em 1994, que resultou num pequeno genocídio (1 000 000 de mortos), teve como arma principal, esse expoente de tecnologia que é a ...Catana!!!

Graças ao milagre da globalização, as profundamente ébrias mílicias civis "hutu", tiveram à sua disposição milhares de catanas bem afiadas, de fabrico chinês, cada uma custando a módica quantia de 10 cêntimos.

Aprendi também que a distinção entre "hutus" e "tutsis" não resulta das tribos ancestrais, mas sim de uma separação artificial feita pelos colonos belgas destinada a segregar os nativos mais altos, de pele mais clara ou nariz mais afilado ("tutsis"), dos mais escuros, atarracados e nariz largo ("hutus")...este é, sem dúvida, mais um exemplo de evolução civilizacional que só a colonização pelo homem branco pôde proporcionar...

Não admira portanto, que a senha emitida pela rádio "Hutu Power" convidando à limpeza étnica, fosse a macabra frase "Cortem as árvores altas"...

Quem fala assim...não é Gago...

Esta é, quanto a mim, uma das declarações mais felizes proferidas por um ministro nos últimos anos...

Embora Portugal tenha uma taxa muito baixa de trabalhadores com formação superior, não se pode elevar essa taxa a qualquer preço e sem um mínimo de critério. Se as universidades ficarem às moscas, que assim seja, pois poder-se-ão então revelar as insuficiências do ensino secundário, num efeito bola de neve. Por outro lado, tem de haver um levantamento exaustivo e rigoroso do tipo de licenciados que o país necessita, reduzir vagas onde existe excesso de oferta, incentivar os cursos que têm procura.

No entanto, penso que para haver um equilíbrio, tem de se ressuscitar o ensino técnico profissional, do tipo escola industrial. Se já é um lugar comum dizer-se que não se encontra um carpinteiro de jeito lá para casa, paralelamente na indústria nos próximos anos vai haver um défice de electricistas, mecânicos, técnicos de electrónica, de hidráulica, etc, com formação sólida. E não se pense que se supre esta situação com mais engenheiros, etc...pois é um tipo de formação prática que quanto mais cedo começar melhor, assim como a vida profissional que deve começar o quanto antes, já que o grau de experência de um profissional destes talvez se meça em décadas e não em anos. Em países mais desenvolvidos estas profissões são extremamente bem pagas, a sua importância é reconhecida, mas a exigência a nível da qualidade do desempenho também é elevada. É preciso chamar pessoas para este tipo de saídas, ao invés de as afunilar à entrada do ensino superior.

Diz-se às vezes, por exagero, que qualquer dia temos licenciados a varrer as ruas, etc...o que se calhar é problemático é que, nesse caso, teríamos ruas muito mal limpas...

sábado, maio 07, 2005

com direito a início de época



E vai daí - depois de toda a semana ouvir imensa gente a gabar a praia - acabei mesmo por até tomar banho (se bem que vendo agora a fotografia, não sei muito bem aonde é que fui buscar coragem... mas, acredite-se ou não, não estava fria). FF

mais 27 menos 27...


Algumas despedidas costumam estar associadas a uma certa melancolia e até tristeza. Desta vez não creio que seja bem o caso.

Em boa verdade, ninguém vai para lado nenhum (OK, se calhar talvez até se vá até ao "Marujo" onde os Martinis "à Casa" provocam por vezes algum "jet-lag", mas, viagem, penso que será abusivo).
De qualquer forma, comecei o início da tarde por descobrir que o futebol de praia vai ser tutelado pela FIFA (isto na terra do Mundialito). FF

sexta-feira, maio 06, 2005

Irracional até ao último minuto



Devo começar por admitir que aos 118’30’’ perdi a esperança. Aqui a fica a minha penitência...
Agora ao que interessa. Parece-me que não restam grandes dúvidas. Épico, heróico, grandioso, apoteótico, de sonho... o lado irracional da vida ressuscitou no último minuto (dos descontos do prolongamento).

Apesar de variadas lesões; seja dos tipos que finalmente começaram a jogar, dos tipos mais regulares, dos mais virtuosos; que condicionaram o onze titular, estremeci (bastante) quando vi a lesão do que arruma a casa (ainda que lasque alguma mobília pelo caminho) e a substituição do que se confunde tanto a ele como aos outros.
Tudo isto aliado à manifesta “falta de jogo” de outros que raramente jogavam mal e que viram a contenda do banco de suplentes.

Mas era com os que estavam em campo que a coisa se tinha de resolver e o filho da Dona Silvéria (senhora que originou dos momentos mais bizarros da televisão Portuguesa ao ser entrevistada em directo pela Sic Notícias no final do jogo... não por culpa dela mas do entrevistador) que agradeça a quem lhe disponibilizou um plantel destes.
Uma última palavra especial (e muitas ficaram por dizer).
Normalmente não é ele quem resolve, mas, juntamente com um que confesso já teria despachado, foi enorme. Joga aonde for preciso e, apesar do azar na taça doméstica, deu-nos sorte na europeia.

Dado que não gostamos de “lavar roupa suja na praça pública”, o resto da discussão é feita lá em casa. Lx

quinta-feira, maio 05, 2005

se até o Mourinho está quase...



Contrariando a tendência actual, onde predominam as reflexões orientadas para os desafios que se colocam à economia Portuguesa (sobretudo este, que subscrevo); muito necessários e tal; hoje, que o tempo está bom, o ar condicionado avariado e a vontade de ter férias inflamada, aqui fica uma fotografia de "espigueiros" (no Portugal profundo), em jeito de memorial à minha última temporada. Lx

terça-feira, maio 03, 2005

"love and loyalty to my people have guided all my thoughts, actions and my life"



Der Untergang” é o retrato possível dos últimos dias de Hitler. Feito por alemães, creio que a principal crueldade exposta no filme é a humanização de uma das personagens mais horripilantes da história mais recente, assim como dos que o rodeavam.
Esse era, aliás, um dos principais objectivos dos realizador "Ele era um ser humano e a pior coisa que pode acontecer a um homem perverso como ele é que se torne um mito, o que de facto aconteceu nas últimas décadas" (...) "Se aceitarmos que ele era um ser humano, temos também que reconhecer que alguma dessa maldade existe dentro de todos nós".

O filme desperta sentimentos desconfortáveis, desde os mais íntimos como as traições pessoais, o egocentrismo, a cegueira constrangedora exposta perante tudo e todos, o orgulho e as ambições desmesuradas; aos mais “políticos” (que suportaram a ideologia Nazi, sufragada antes de estabelecida sob a forma de regime totalitarista) que vão desde o anti-semitismo primário, ao
orgulho da pureza rácica ariana, à obediência cega a um líder nato, à disciplina estapafúrdia em tempo de guerra (condecorações e enforcamentos a civis por deserção, já depois do suicídio do Chanceler e da fuga de oficiais SS), à necessidade de lideranças fortes em períodos conturbados no esfera económico-social.

Sempre gostei de história, não por ser chata ou supostamente erudita, mas porque constantemente nos retira argumentos que sustentam teses estapafúrdias. Essa é outra das vantagens deste filme. Ultimamente tenho ouvido expressões como "a ameaça asiática", "a
deslocalização para o Leste", "a importação da criminalidade", "o eixo do mal", com uma leviandade que humildemente me parece preocupante. Em “Der Untergang” também se demonstra que existe uma substancial diferença entre a sinceridade e a pureza de sentimentos. Hitler foi demagogo, populista (e eleito), mas até cair conseguiu arrastar muitos consigo numa espiral de baixas de guerra, suicídios e até infanticídios.

A foto não é de Berlim (onde se desenrola o filme) mas de Auschwitz, onde o seu testamento político mais se fez sentir.

PS - não resisto a propor uma última reflexão, que me ocorreu por diversas vezes, em especial nos momentos de humor negro do filme: depois da "Paixão de Cristo" e da "A Queda" do Hitler, para quando "As facadas no Lopes"? Lx

O Presidente lê o nosso blog, pá!

O Presidente Jorge Sampaio anunciou ontem que não vai agendar o referendo sobre a IVG, por não estarem reunidas todas as condições para o efeito...

Com certeza leu o meu post e vai aguardar pela edição da "Vera Drake" em DVD e VHS para então marcar a ida às urnas...

Ficámos a saber também que a Presidência da República não é fã dos programas P2P, porque senão poderia ter descarregado o filme da mula e distribuido ao povo em presidência aberta, podendo então o referendo ser lá mais para o verão...

Ps: Eu sei que não se deve brincar com coisas sérias, daí ter feito este post...

segunda-feira, maio 02, 2005

Despedidas de um voto em branco...

Ontem fui ver o filme "Vera Drake", com o "lag" habitual de alguns meses provocado pela interioridade da Figueira que ora se aprecia, ora se amaldiçoa...

Este filme é sêco, sem glamour, sem ornamentos...é brutalmente honesto. Se alguém conseguir distinguir heróis ou vilões, consegui-lo-á à custa da vivência real das personagens e não por um qualquer artíficio cinematográfico ou circo mediático...

Eu não consegui distinguir heróis, talvez alguns vilões em nada excepcionais, mas com este filme consegui rever e sentir claramente a minha posição em relação à IVG, algo que até agora não tinha conseguido fazer...

Se, por alturas do referendo, ou agora, já não suportarem o ruído estéril das discussões políticas, saiam de casa, aluguem este filme...Depois não verbalizem nada, apenas retenham o que sentiram por dentro ao vê-lo...e já está...

e mãos em bico...


"Dança das 1000 mãosDançarinas do Grupo de Artes Performativas da Associação Chinesa de Pessoas com Deficiência exibem o seu número mais conhecido, a dança Qianshou Kuanyin, ou Bodhisattva de 1000 mãos. O espectáculo teve lugar em Nantong, na província chinesa de Jiangsu. (Foto: Ding Xiaochun/AP/Xinhua)"
Público

É com estas e outras que tais que nos arrebanham os têxteis...
Lx

de olhos em bico



Aqui há uns tempos consegui descobrir isto.
Na altura achei um piadão. Já hoje estou um bocado mais apreensivo.
Quando tiver estômago vou tentar ver este com calma.
Lx

domingo, maio 01, 2005

complemento sem reforma



Nos últimos fins-de-semana tenho andado em tournée (há quem diga que nos últimos anos, mas essa é outra história).
O meu parceiro de blog já enunciou as constatações reveladas pela sua velhice. Em jeito de complemento, aqui ficam algumas das minhas.

Farto de viajar, dois dos melhores momentos que consegui reter já não estão relacionados com noitadas ou aglomerações arrebatadoras de pessoas e acontecimentos.

Um foi acordar hoje e perceber que não precisava de ir para nenhum lado.
O outro (no fim de semana passado) foi finalmente adiantar a leitura actual, a apanhar Sol e a beber uma água tónica (a foto ficou com publicidade mas foi sem intenção, nem ela era assim tão boa nem eu estou assim tão velho):
"O coronel visitante endireita-se, enfia um dedo no bolso do colete. Meu caro inspector, começa então, o idealismo pode deixar de ser uma virtude militar para se tornar num instrumento do terror. Ipsis vervis, terror. Não vale a pena citar exemplos, as revoluções estão cheias deles. Mas, e aqui é que bate o ponto, nessa transformação há sempre uma raiz puritana, dê-se a volta que se lhe der, e com Dantas foi o que aconteceu. Embora não parecesse, o major Dantas, fosse no Colégio, fosse no quartel, fosse nas aventuras, com mulheres, em tudo, mas em tudo, o major Dantas metia sempre idealismo à mistura."
Lx