quinta-feira, junho 30, 2005

Acinzentado


E fora de tempo.
Hoje o tempo está cinzento. E lá fora também. Antecipadamente nostálgico, enquanto espero pelo veredicto acerca da “recuperabilidade” dos conteúdos do meu computador doméstico - nomeadamente de algumas fotos do Inter-rail (repetição do link) - deparei-me com este artigo (ela é, de facto, muito estranha).
E cinzentos somos todos nós (hoje nem deu muito para conferir, o “6” vinha praticamente vazio).
Lx

PS – e como se não bastasse sermos cinzentos...

quarta-feira, junho 29, 2005

Formação Pessoal...Vai uma Passa?

Após o curso de cinema que decorreu no CAE o mês passado, ao qual eu não assisti por falta de tempo e não pelo facto do formador ser do benfica e um 'cadito pedante, proponho um novo curso de formação pessoal para este mês, subordinado ao tema:

"Política no Séc.XXI: Serviço Público ou Garantia de um Futuro Pessoal Risonho?"

Poderia ser orientado sem dúvida por este senhor que apesar de ser: "Arguido no «caso Freeport» será empossado deputado a 4 de Julho.".

A propina poderia ser estabelecida em Cohibas.


Caso se verificasse o sucesso de tal iniciativa e o jeito do proposto conferencista para a coisa, propunha desde já temas para novos colóquios:

"Gestão Nacional de Resíduos: Desígnio Nacional Urgente ou Ritual de Passagem?"

"Gestão do Tempo: Escola vs. Reuniões da Jota"

"O Wok: A Globalização e Ameaça Asiática Sob o Ponto de Vista do Tacho"

...enfim as hipóteses são infinitas face ao talento do homem...

segunda-feira, junho 27, 2005

Pr'ó Jorge: tempos mauzinhos


Já não é segredo pá. Se existem responsáveis pela possível aproximação à terceira quinhentola, tu serás certamente um deles pá! Pressente-se o teu cliquezito maroto, a tentar arranjar qualquer coisita que te faça aparecer nos telejornais.
É verdade, é! Já te topei: aquele bitaita sobre o aborto, eu opino sobre o referendo; o outro lamuria-se com assaltos, então eu chego-lhes com a Cova da Moura.
Manhoso, hã?

Mas Jorge, pá, escrevo-te em jeitos de obrigado. Porque é tudo muito confuso e tu, pá, sempre fizeste qualquer coisa.
Tenho contudo alguma pena de não te teres abalançado para a Kizombada com tua Dama (a 1ª, por sinal), ou pelo menos um Kuduruzito, vá lá. Mas, mesmo sem danças, sempre foste dos poucos que se mexeu.
Até à esquerda, pá, se procuram bodes expiatórios e o tom da pele é o critério mais imediato. Menos subtil, é certo, há outros bem mais perniciosos (como a família, as habilitações ou o poder económico). Mas pá, a alguns pás não se podem exigir grandes raciocínios. Nem pequenos.
Eu sei, pá, que as imagens são indesmentíveis e já me apercebi que também eu começo a olhar de lado para os pás de outra cor, mas aqueles argumentos rapados...
Também sei que não tenho comigo as respostas de cada vez que saio à rua e que, é pá, as ruas não estão de modas; mas espero pá, que estas sejam apenas dores de crescimento (populacional, pá) e que se perceba que existe um problema. E já agora que se tente qualquer coisa para o resolver. Não pá, não sei bem o quê, como já te disse, também eu estou cada vez mais baralhado.
Este teu pá continuará à espera de melhores notícias. Para já, obrigado pá, começava a pensar que estava mesmo tudo doido. E se o Aníbal aí chegar, espero que também não fique imóvel, pá.
Já agora pá, só é pena que, quando falas do cumprimento das leis da república, de dar sinais daquilo que é a tolerância e os princípios norteadores da nossa constituição, faças de conta que não te calaste face a alguns bastardos.
Lx (depois de fds na FF)
PS - a imagem foi gentilmente surripiada a Quino

quarta-feira, junho 22, 2005

Senilidade ou Lucidez?

É sempre bom ouvir o Presidente discursar improvisando, especialmente com aquela franqueza que só um final do 2º mandato pode proporcionar...e especialmente também quando vê que vão deixar o seu lugar à mercê da direita...se não me engano, o Mário Soares em fim de 2º mandato também foi atingido violentamente pelo mesmo síndrome de franqueza...

É divertido ver as reacções das pessoas aos espingardanços que o Sampaio fez ontem, atingindo banca, professores e sistema educativo...lembrando "que o licenciado devia ser empreendedor, mas apenas ambiciona ser funcionário", mandando a malta toda trabalhar, etc...as reacções vão desde:
"O gajo 'tá senil...";
ao:
"Lá o deixaram outra vez falar depois de almoço...";
passando pelo:
"A Maria José esqueceu-se de lhe dar as gotas outra vez?"

Eu por mim, arriscando ser apanhado pelo isco da demagogia fácil, solto um sonoro e aprovador:
"Chega-lhe, Jorge!!! Pá..."

segunda-feira, junho 20, 2005

Para os cépticos em relação à Corunha...



...aqui fica mais uma prova do potencial da cidade, em versão semi-anarquista:

"As ruas da Corunha viveram este fim-de-semana um espectáculo de exibicionismo impúdico e nom apto para menores. Referimo-nos, é claro, ao desfile do exército do Império Pequeno, que felizmente contou com uma imaginativa resposta, especialmente na acçom nudista do sábado. Cinqüenta e seis pessoas galegas e um pastor alemao –que colocou o ponto no i– despojaram-se das suas roupas (e coleira) para escreverem com os seus corpos nus sobre a relva atlântica uma mensagem de rejeiçom contra a opresom simbólica exercida polo Império Pequeno com esta demonstraçom de força na cidade herculina."

Versão completa a checkar aqui!!!

O meu paradigma...

...”bloguístico” surgiu de novo em força na minha a cabeça, sobretudo numa altura em que o Fisterra já leva quase 3 meses de existência e dobrou a marca das 1000 visitas, embora ¼ destas sejam da minha responsabilidade, devido à minha já anunciada info-exclusão, não conseguimos ainda excluir as minhas visitas...

Com efeito, posso dizer com absoluta certeza que o nosso blog é especial!...quanto mais não seja pelo facto de não conter qualquer link para outro blog qualquer, o que me parece uma situação muito fora da norma da blogosfera mais próxima, que se dispõe numa teia bem urdida, bem ligada...

Quem me alertou para esta situação anormal, o tal paradigma, foi a minha consciência que, de alguns tempos para cá, assumiu a voz do Zé Pedro Gomes. Naquele tom de melga que se escuta nos reclames ao “supermercado dos agrafos” na rádio, exclamou:
“-Ouve lá pá, tu não lês blogues, pá! Já reparastes?”

Ela, a consciência, tem razão: será que a crescente “blogalização” (anagrama de uma das palavras da moda, reveladora da inteligência do autor) adversa da minha vida subsiste apenas enquanto formalização da “teoria maternal” que sugere a existência de um marcado egocentrismo na minha pessoa?

Bom, lá isso não sei...sei que a minha experiência, prévia ao Fisterra, com blogs resumia-se a umas visitas abruptas ao pirata laranja, aquando do surgimento do fenómeno, umas consultas esporádicas sobre a história do pipi dele e aos quatro que, por essa altura, ainda não tinham face, muito menos seriam estrelas pop...Recentemente, tendo como ponto de partida o espaço próximo, geográfico e pessoal, vadiei irregularmente, mas com propósito científico, na imensidão de blogues...vadiei por entre remorsos consumistas, iconografia militante, arremedos políticos inacessíveis, bons e maus humores, fabulações do quotidiano, rigores técnico-informativos e desabafos dispersos...não me detive em nenhum...minto, agora vou regularmente a outro blog felino, mas esse terá muito pouco para ler e não é para aqui chamado...

Os números provam-no, engenharia oblige, não só não leio outros blogs, como provavelmente leio mais o blog em que eu próprio escrevo do que qualquer outro leitor...os meus motivos serão egoístas, escrevo mais para mim, do que para os outros, descobri que tenho essa necessidade...mas também gosto que os outros leiam o que escrevi para mim...



Se não existisse este fisterra.blogspot.com, teria de usar esta trombeta gigante colocada junto ao mar que descobrimos lá para os lados do fim-do-mundo e ficar sem voz ao tentar lançar para longe estas tonteiras que por aqui vou escrevendo...


Ao distinto co-autor que propôs o desafio deste blog, sem saber no que se estava a meter, e aos outros cerca de 800 pacientes convidados do Fisterra, aqui ficam os meus humildes agradecimentos por ocasião da milena de cliques, que sempre é um número mais redondo do que a quinhentola...

quinta-feira, junho 16, 2005

Opções políticas à parte...

...e lembrando que eu nasci depois do 25 de Abril, tenho de registar uma coisa que me impressionou nesta semana de desaparecimentos de líderes e poetas...

Falo da expressão de profundo agradecimento patente na cara das pessoas que assistiram ao funeral de Álvaro Cunhal, porque essas pessoas acham genuínamente que a sua obra enquanto político constituíu um verdadeiro serviço público.

Não defendo o modelo de sociedade preconizado pela ideologia comunista, nem comungo dos mesmos ideiais, mas não consigo deixar de pensar que, quando chegar a velho (se durar até lá), vou olhar para trás e provavelmente não vou conseguir identificar um político de hoje de quem eu possa dizer:

"Este tipo defendeu (e preocupou-se com) os meus interesses enquanto cidadão...".

Ps: Hoje está mais em voga a "expressão de profundo agradecimento patente na cara das pessoas" que assistem aos jantares de campanha eleitoral, onde, para além de feijoadas e jardineiras regadas a tinto com sabor a 605 forte, se servem promessas de clientelismo político ainda quentinhas...

"Messias, Deus, chefes supremos,/Nada esperemos de nenhum!/Sejamos nós quem conquistemos/A Terra-Mãe livre e comum!"

Não resisto a escrever qualquer coisa mas, porque estou uns furos abaixo do conhecimento necessário, também não resisto a que seja muito pouco.
Nos últimos dias, imensas pessoas variados quadrantes políticos e sociais falaram com um conhecimento de causa impressionante acerca da vida de Álvaro Cunhal. E das várias facetas do mesmo. Pareceu-me que alguns até se terão excedido um pouco, pois já estavam a entrar no campo da metafísica (o Pacheco Pereira, que evidentemente sabia do que falava, acho que se entusiasmou um bocado); mas desde o mais humilde militante comunista ao mais diametralmente oposto ideólogo neoliberal, todos sentiram qualquer coisa.

Num daqueles livros ligeiros que substituíram a televisão avariada no último fim de semana, era citado um provérbio etrusco, qualquer coisa do género: “os mortos não mordem”. A pedra de toque da historieta é que depois não é bem assim (o indivíduo que proclama frases semelhantes às da Rosa Amélia acaba por levar uns atrás já depois de finado e sem precisar de regressar do mundo dos mortos).
Também aqui não foi bem assim. Apesar de derrotado por diversas vezes em democracia, de perseguido durante a ditadura, de acusado de incoerência e de coerência em simultâneo (quanto a isso cada vez me baralham mais), de tentar impor um regime diferente da democracia parlamentar, eis que, ao fim de 91 anos e depois de morto, suscitou homenagens e receios (como os demonstrados por Ribeiro e Castro) que me impressionaram pela espontaneidade. Isto apesar de ser uma morte relativamente esperada.
Duvido que hajam muitos derrotados pelo decurso da história que tenham direito a uma despedida destas. Pela minha parte, desconfio que não viverei o suficiente para ver outra do género.
A foto foi delicadamente surripiada ao “Público”.
Lx

PS – e muita sorte teve este senhor de nos últimos 26 anos nunca se ter cruzado com o meu colega de blog numa qualquer sucursal bancária, lá por volta das 8:30. É que, segundo a sua adaptação livre do mecanismo de selecção adversa (enquanto formalização da teoria do espaço vital), pensionista madrugador em profanação de solo bancário deveria ser conduzido, sumariamente, à fábrica de sabão mais próxima...

quinta-feira, junho 09, 2005

Sinceramente...

...eu sou respeitador e admiro bastante os anciãos da nossa sociedade, mas há uma coisa que me irrita...

Para tratar qualquer coisa no banco que fica a 15 km do meu trabalho, eu, ou não almoço ou só tenho aqueles 10 minutos de manhã até às 8h40, mais tarde do que isso o “absentímetro” começa a marcar...

Os bancos abrem às 8h30, mas hoje cheguei às 8h21 e já lá estavam 3 idosas na bicha para entrar, conclusão: quase 30 minutos para fazer um simples depósito e 11 minutos a justificar no fim do mês ao chefe...

Agora eu pergunto: “Sr(a).Pensionista, se tem todo o dia livre para ir ao banco, porque é que vai aquela hora que é a única em que a malta que trabalha pode ir?”...os bancos que se apercebem disto fazem pior, abrindo só uma caixa...

Porque não fazem como nos hipermercados onde há as “caixas-prioritárias-a-grávidas-e-deficientes”...são utilizadas maioritariamente por mulheres ainda a tempo de usar a pílula do dia seguinte e por homens que, como não estão grávidos, devem ser...bom...a intenção é que conta...

Façam nos bancos “caixas-prioritárias-a-malta-que-tem-que-estar-num-certo-sítio-às-tantas-horas” ou, adaptando livremente esse conceito que o meu distinto colega de blog tanto gosta: a “selecção adversa”, façam “caixas-prioritárias-a-pensionistas”, pronto...eles vão agradecer o gesto e dizer “Este governo até se preocupa com o pessoal de idade e nem sequer temos de aturar o Paulinho das Feiras ou votar no PSN*!!!”

Enquanto esperava impacientemente na fila, passou lá fora uma senhora vinda do mercado com uma sacada de carapaus fresquinhos pendurada no pulso, nas mãos trazia um terço XXL, com contas de madeiras e tudo, que exclamava:
“Senhor rogai por mim, por que eu não mereço isto!!!”

Nem eu minha senhora...

*PSN ou PCFRFAeACPPJ – Partido dos Candidatos Fantasma Reformados da Força Aérea e dos ex-Autarcas sem Confiança Política de Partidos de Jeito.

quarta-feira, junho 08, 2005

entre a noite e o dia



O ar tem andado pesado (as temperaturas não ajudam e creio mesmo que a humidade estará um pouco mais “intensa”). Lisboa tem esta característica - por vezes o ar pesa.
As noites até podem ser muito mais agradáveis, mas ultimamente tenho-me surpreendido. Ou melhor têm-me surpreendido. Ou melhor ainda, têm havido surpresas e o meu papel varia de dia para dia.
Desde ter assistido a um assalto enquanto fazia crepes (já à parte da fuga, carteira debaixo do braço, e aí está ele a correr para o “ouro”) no Domingo; a ter interrompido, anteontem, um “pagamento” de uma senhora (deduzo que meretriz, embora possa ser uma extrapolação ousada da minha parte) a um taxista enquanto me dirigia para o carro, a seguir a um jogo de squash - para o qual me tinha esquecido de levar a hidratação mais habitual, o que conjuntamente com a fadiga acumulada me inibiu de esboçar qualquer tipo de estupefacção, pelo que toda a gente encarou o episódio de uma forma comoventemente natural; ao encontro fortuito e de diálogo inconsistente de ontem com uma das poucas saudades dos meus últimos anos de terceira fila a contar do fim.
Com noites tão “noites”, estava hoje de manhã a interrogar-me, a bordo de falsos carris, o que a noite de hoje me poderá reservar, ou mesmo, se os dias não poderiam contrabalançar o saldo.
Quanto à segunda questão, o Tipo lá de cima (o Tal que eu não reconheço) lá me fez a vontade e consegui vislumbrar pela janela, na paragem ao pé da sede da (in)competência política e legislativa, uma conversa entre um miúdo surdo mudo negro e uma monitora (professora/terapeuta?) loura como o Herman em fim de carreira. Não, não me lembrei desses, lembrei-me antes destes.Em relação à primeira, logo se vê. Espero pela “Little arithmetics” no final do dia.
Lx

segunda-feira, junho 06, 2005

Apesar de cá dentro estar o ar condicionado...


...parece-me que se estará bastante bem lá fora.
Assim mesmo, do género, fora.
Lx

quinta-feira, junho 02, 2005

A homónima que vale a pena...



...esta é a Margarida Pinto que eu acho bastante interessante...tem um novo álbum a solo depois de discos muito bons como vocalista da dupla Coldfinger...um grupo (quanto a mim) com muito talento e por vezes esquecido...a descobrir por quem, como eu, já sente nostalgia do bom trip-hop...em português ou em inglês...

Além disso ela é muito bonita...