quinta-feira, julho 28, 2005

As filas

Como qualquer outro, abomino ficar à espera. Por vezes, isso basta para que embarque num evitável desfile de maus sentimentos. Até aqui tudo normal. A anormalidade, creio, surge quando a espera, a “seca”, se pode tornar interessante.
Como qualquer outro, tenho de repartir o meu dia em tarefas mais ou menos atraentes, mais ou menos úteis, sobrando-me pouco para pensar no que quer que seja.
Ontem, depois de 2 horas de viagem tive de esperar mais 2 até ser atendido. Não é propriamente simpático, sobretudo quando isso implica uma saída precoce do local de trabalho, devidamente autorizada pelo patronato, e a pequena diversão que são as nossas auto-estradas repletas de radares multantes.
Hoje, naquela ponte onde não julgaria ter problemas, nova espera, entre tráfego e obras, estancado no centro do tabuleiro.
A primeira resolveu-se com dois expedientes de manifesta (e manifestante) utilidade. Este Senhor, num dos seus pequenos textos, conseguiu-me fazer sorrir; dei por mim a recordar pequenos prazeres da vida. E desde aí que, como qualquer outro, me apetece falar muito nas minhas férias e porque é que as vou fazer. Ainda não, talvez amanhã (por hoje estão safos). Não evito apenas acrescentar o seguinte, por vezes tenho saudades da nicotina, da “acessibilidade” às noites perdidas, de contemplar (“porque a vida não acaba hoje”). Munido que estava do anti-depressivo portátil, daqueles com auscultadores, ouvi pela enésima vez esta grande malha. E recordei-me de 4 de Abril de 2004 (com crónica a 5); uma versão memorável de voz, viola e teclas. Um prodigioso solo de teclas.
Como qualquer outro, caio em lugares comuns de fala e escrita: a minha cidade é que é a aldeia do Asterix, a rainha das praias, o berço de sereias, o fim da terra (fisterra), o centro do universo, a Veneza do Corto Maltese, a Roma do Gordiano, a Flint do Michael Moore. Dentro do carro, preso no transito, o nascer do sol não me pareceu nada feio. E foi o segundo enésimo deste post que não me caiu a mais.
Lx

3 Comments:

Blogger Jaf said...

Esqueceste-te de dizer que a fila na ponte devia-se a se ter montado umas tendas numa das faixas de rodagem para que o Sr.Ministro possa inaugurar a nova pintura de vermelho dos varandins...é claro que se fez isto à hora em que as pessoas vão para o trabalho, se não atrapalhasse ninguém, não era uma inauguração séria!!!

6:49 da tarde  
Anonymous ali said...

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