Irracional de Metro
Chegado a Domingo e praticamente desconhecedor do fim de semana futeboloso até ao momento, lá entrámos com o habitual atraso no metro. À chegada pareciam poucos, os adeptos, embora o S. Pedro se estivesse a portar bem, nem muito frio e nem a invernosa da última incursão.
O jogo começou agradável, finalmente o futebol começa a aparecer (se calhar até não escolhi mal os jogos a que faltei, Hehehe!). Mas nem tudo foram rosas... este parecia ter desaprendido muito e, aqui ao amizade, nada resultava bem. Começou-se a suspirar pelo “Levezinho” (ou “Ligeirinho” como diz aqui o porteiro do edifício), e o excessivo desânimo do ponta de lança de serviço aos poucos contaminou o público, com o “HU! HÁ! Douala” trapalhão como de costume, mas sem que daí se retirassem os habituais dividendos.
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Atrás de mim tinha dois autênticos marretas, velhotes, indivíduos já muito calejados nestas coisas dos domingos de bola, que começavam a produzir os habituais desabafos de auto-flagelação; o Sá já era passado e o Nani um puto mimado. Inquietação, muito perigo e nenhum golo. E alguns contra-ataques. Chatos, os contra-ataques, embora esta defesa não tenha vacilado (este tipo veio em boa hora).
“Porque é que estão a assobiar tanto?” - essa era nem eu percebi à primeira (também tive de perguntar), deste caramelo não gosto nem que ele vá à selecção (que Deus nos livre e guarde). Sempre que tal personagem pegava na bola vinham insultos daqueles cá de dentro, sentidos.
“Consegues distinguir os jogadores?” – sim, assim como há quem distinga o saudável do cariado; é um misto de coisa inata com horas e horas de aperfeiçoamento, discussão e eventual prática pontual. Se está sempre a refilar, a dar cotoveladas, é emprestado pelo benfas.
Intervalo. “E agora vamos para onde?” – bem, não vamos a lado nenhum...
A noite é agradável, mas golos nem vê-los. Os tipos do galo ganharam o sorteio inicial e agora temos de ver os golos ao longe.
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Segunda parte. No início, com mais do mesmo. A temperatura começa a ser secundária e a atenção vai-se centrando cada vez mais na tradução do esquema táctico no gramado. Vamos lá, vamos lá!
E é nestas alturas que o futebol se transfigura. O silêncio nunca é total, as claques lá vão entoando uns cânticos. Mas quando a apreensão é grande, parece que cada um dos espectadores se começa a lembrar de outras jornadas de ataques perdulários e defesas quase apanhadas em contra-pé; instala-se uma letargia venenosa. Não evito a comparação profana: sobretudo devido aos anos de escuteiro, lenço ao pescoço e obrigações institucionais com o divino, assisti a mais missas do que gostaria. Raras vezes ouvi tudo o que era dito e muitas observei a expressões à minha volta. E acho que são parecidas, alguém fala lá ao longe, alguém dá algum sentido ao facto de ali estarmos todos mas, na realidade, estamos a pensar noutras coisas, diria que abstraídos.
“Quem é que saiu?” - Bem, aquele de quem não gostaste. E não sei este é bom ou não, não houve ainda tempo de confirmar nada, embora o nosso Sebastianismo interior já o suplique. Só hoje...
E resultou mesmo; pragmatismo, remates sem cerimónia e 3 pontos em caixa. Deixámos o autocarro em direcção ao metro.
PS – As fotos, de polaróide alheia. E só a segunda é que é da minha safra (ganhou-me aos pontos...).
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