quarta-feira, março 08, 2006

Irracional de Metro

No Sábado o tempo não augurava nada de bom... e eu já tinha visto aquele filme nalgum lado. Vai daí, sou alertado para o facto de um dos habituais parceiros de curva estar impossibilitado de dar o seu habitual contributo. Cabia-me a vez de arranjar substituto e a solução óbvia passava por ter de responder a várias perguntas durante o jogo... mas OK.

Chegado a Domingo e praticamente desconhecedor do fim de semana futeboloso até ao momento, lá entrámos com o habitual atraso no metro. À chegada pareciam poucos, os adeptos, embora o S. Pedro se estivesse a portar bem, nem muito frio e nem a invernosa da última incursão.

O jogo começou agradável, finalmente o futebol começa a aparecer (se calhar até não escolhi mal os jogos a que faltei, Hehehe!). Mas nem tudo foram rosas... este parecia ter desaprendido muito e, aqui ao amizade, nada resultava bem. Começou-se a suspirar pelo “Levezinho” (ou “Ligeirinho” como diz aqui o porteiro do edifício), e o excessivo desânimo do ponta de lança de serviço aos poucos contaminou o público, com o “HU! HÁ! Douala” trapalhão como de costume, mas sem que daí se retirassem os habituais dividendos.

Atrás de mim tinha dois autênticos marretas, velhotes, indivíduos já muito calejados nestas coisas dos domingos de bola, que começavam a produzir os habituais desabafos de auto-flagelação; o já era passado e o Nani um puto mimado. Inquietação, muito perigo e nenhum golo. E alguns contra-ataques. Chatos, os contra-ataques, embora esta defesa não tenha vacilado (este tipo veio em boa hora).

“Porque é que estão a assobiar tanto?” - essa era nem eu percebi à primeira (também tive de perguntar), deste caramelo não gosto nem que ele vá à selecção (que Deus nos livre e guarde). Sempre que tal personagem pegava na bola vinham insultos daqueles cá de dentro, sentidos.
“Consegues distinguir os jogadores?” – sim, assim como há quem distinga o saudável do cariado; é um misto de coisa inata com horas e horas de aperfeiçoamento, discussão e eventual prática pontual. Se está sempre a refilar, a dar cotoveladas, é emprestado pelo benfas.

Intervalo. “E agora vamos para onde?” – bem, não vamos a lado nenhum...
A noite é agradável, mas golos nem vê-los. Os tipos do galo ganharam o sorteio inicial e agora temos de ver os golos ao longe.

Segunda parte. No início, com mais do mesmo. A temperatura começa a ser secundária e a atenção vai-se centrando cada vez mais na tradução do esquema táctico no gramado. Vamos lá, vamos lá!
E é nestas alturas que o futebol se transfigura. O silêncio nunca é total, as claques lá vão entoando uns cânticos. Mas quando a apreensão é grande, parece que cada um dos espectadores se começa a lembrar de outras jornadas de ataques perdulários e defesas quase apanhadas em contra-pé; instala-se uma letargia venenosa. Não evito a comparação profana: sobretudo devido aos anos de escuteiro, lenço ao pescoço e obrigações institucionais com o divino, assisti a mais missas do que gostaria. Raras vezes ouvi tudo o que era dito e muitas observei a expressões à minha volta. E acho que são parecidas, alguém fala lá ao longe, alguém dá algum sentido ao facto de ali estarmos todos mas, na realidade, estamos a pensar noutras coisas, diria que abstraídos.

“Quem é que saiu?” - Bem, aquele de quem não gostaste. E não sei este é bom ou não, não houve ainda tempo de confirmar nada, embora o nosso Sebastianismo interior já o suplique. Só hoje...
E resultou mesmo; pragmatismo, remates sem cerimónia e 3 pontos em caixa. Deixámos o autocarro em direcção ao metro.

PS – As fotos, de polaróide alheia. E só a segunda é que é da minha safra (ganhou-me aos pontos...).

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