segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Irracional molhado, com frio e sem grande paciência para falácias

E estava eu a pensar que isto passa as barreiras do razoável... Eu até gosto de ir à bola, mas isto nem por um concerto ao vivo...
Dizem que o novo estádio de Alvalade é sobretudo um utilitário, ou seja, foi concebido a pensar sobretudo dos espectadores. Discutível, sobretudo porque a refrega envolve ser adepto de um clube.
Sábado fiquei com as minhas dúvidas, nomeadamente em dias de temporal; estava um vento gélido e a cobertura do estádio não dava para as encomendas. Eu estava debaixo dela a apanhar chuva - não chuviscos, não humidade, não pequenas gotas incómodas: estava completamente molhado. Falei entretanto com adeptos dos outros dois grandes (daquele tipo de adeptos que não depositam o cérebro num jarrinho enquanto falam do desporto-rei) e as conclusões são idênticas: estádios cobertos, se não estiver a chover.
Cobertos então para quê?

Não comecei a falar do jogo porque nem sequer lhe liguei grande importância de início, tal era o desconforto. E o mal-estar extravasado não é apenas físico quando penso na comparticipação estatal que todos os novos estádios Portugueses tiveram; uma das grandes justificações para o mesmo era que as condições melhorariam de tal forma que os clubes angariariam mais receitas. Estou mesmo curioso em ir a um estádio no estrangeiro, também assim para o novo, para comparar os resultados. Consta que o novo estádio de Wembley custou mais que tudo aquilo investido em estádios para o Euro em Portugal. Mas se calhar eles também contabilizam tudo...

Entretanto também já ouvi todo o tipo de pseudo-explicações estapafúrdias:

“Havias era de cá estar antes, quando só havia a pala!” – Não é preciso, assim molho-me na mesma.

“Esta cobertura é a melhor, a da Luz e do Dragão são bem piores!” – OK, então em vez de 1 mau investimento temos, pelo menos, 3.

“Ora pensa bem, nem sempre está este vento quando chove!” – Não podia estar a pensar melhor, o vento variava de direcção, pressupondo então que durante alguns períodos (pequenos) eu não gramasse com água no lombo. Hipótese meramente académica (excepto na segunda parte, quando parou de chover). E era até tipo para contra-argumentar que muito dificilmente não vem uma brisazita marota, tendo em conta a altura a que as bancadas estão.

“Mas isto é só aqui!” – De facto eu não tenho um camarote, nem sequer estou num dos melhores lugares do estádio. Em termos de fuga à pluviosidade, esses melhores lugares seriam no final da primeira bancada, já perto da segunda. Que não são os melhores se nos topos, por uma questão de visibilidade e porque são os redutos das claques, donde, é impossível ver os jogos sentado.

Sou então daqueles adeptos que irão ver o jogo se o estádio tiver o mínimo de condições (não sou doente por futebol) e se os preços não forem exorbitantes (a minha lista de consumos mensais/anuais contempla um série de rubricas prioritárias face ao esplendor no relvado). Humildemente, creio que se os clubes querem angariar mais receitas e espectadores por jogo, será num perfil semelhante ao meu que devem apostar. E se não me protegem da intempérie...

Vai dai, confesso que aquele banho de bola que a capital do móvel levou para casa não tenha sido devidamente apreciado. Apenas na segunda parte lá consegui ter alguma frieza a analisar o jogo.

Para não me alongar mais, vou só dizer que:
- Os dois laterais contratados nos dão uma solidez defensiva invejável.
- O Paços tem uns tipos que jogam à bola e são rápidos, fizeram uns bons contra-ataques, mas não os aproveitaram e depois de sofrerem o primeiro não tinham equipa para transpor a tal defesa.
- O Romagnoli pode não ter feito um jogo de encher o olho, mas tendo em conta o relvado, que é franzino e Sul-Americano, não deve ser mau de todo, para ainda assim o ter feito aceitável.
- Ainda não vi se foi penalty ou não, mas o árbitro era fracote, porque se fartou de dar a lei da vantagem num campo muito escorregadio... foi milagre ninguém se ter lesionado.
- Estamos em segundo.
Lx

PS – Já percebi entretanto que o temporal foi mesmo grave, implicou árvores a voar e carros espatifados (há quem tenha mesmo razões de queixa...). E sei que de construção civil nada sei. E que o público em nada esmoreceu (sobretudo quando começámos a ganhar) no que ao apoio à equipa diz respeito (estas coisas à chuva ganham inclusivamente contornos épicos).
Mas mantenho as minhas críticas no essencial.
Imagem de SCP.

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