Atrasos inconclusivos
Eu tenho um talento inato para acumular atrasos. Não há volta a dar-lhe, já estou a acumular pendentes para a próxima semana (de repente esta frase pareceu-me um pouco dúbia). Vai daí, o melhor é gastar meia horinha aqui no tasco, já que não é por aí que o gato vai às filhoses.
No último fim de semana, lá voltei à culturgest, desta vez para um de dança. Dizia o panfleto:
“A vida é perigosa e pode matar-nos. Neste espectáculo dança-se com os instintos de defesa do corpo e com as nossas paranóias.”
Evidentemente que me pareceu boa ideia. Mas começo a denotar uma falta de apetência inata (inversamente proporcional à dos atrasos) para danças contemporâneas. Não é que não goste, mas sinto-me perdido a partir de certa altura, e a utilidade marginal dos minutos começa a ser decrescente. E eu estava a ficar preocupado, será que o problema é meu? (OK, OK, já sei a resposta). Nas últimas férias, ouvi no “Guggas” (ainda sem cá ter posto as fotos correspondentes), que a arte contemporânea é complexa e que deve ser devidamente enquadrada.
Por insistência alheia, fui à conversa no fim. Não estava nada para ali virado. Eram 4 suecos, 1 espanhol e 1 português (este responsável pela programação). Curiosamente, valeu a pena.
Era suposto que a dança fosse “uma reflexão poética sobre a nossa necessidade de segurança e protecção num mundo mais carregado de temores do que de ameaças, inspirada na propensão natural e intuitiva do corpo para a auto-defesa”.
Gostei mais da explicação dos autores, nómadas e minimalistas por sinal, do que propriamente da dança. E de grande parte do público lhes ter dito que não tinha percebido lá grande coisa. E de eles aceitarem o facto com normalidade e sem presunções descabidas. Deu para perceber que algum pessoal que acha logo tudo esplendoroso e vê assim umas coisas do transcendental provavelmente não joga com o baralho todo.
Os bailarinos/encenadores/produtores/músicos deram explicações bastante prosaicas do que queriam, ninguém se chateou e a discussão acabou até por extravasar o espectáculo. Reconheceram as limitações da mensagem e lembrei-me de um arquitecto que, numa entrevista ao “Expresso” há pouco tempo, disse qualquer coisa do género de odiar os tipos que ficam estudiosos deles próprios (e apontou o Gehry como exemplo) e que nunca iria conseguir viver num mundo desenhado só por arquitectos.
Isto tudo não chega propriamente a uma conclusão, dado que gostei do “Guggas”...
Já agora aproveito para meter aqui uma “analógica” (das penúltimas férias).
No último fim de semana, lá voltei à culturgest, desta vez para um de dança. Dizia o panfleto:
“A vida é perigosa e pode matar-nos. Neste espectáculo dança-se com os instintos de defesa do corpo e com as nossas paranóias.”
Evidentemente que me pareceu boa ideia. Mas começo a denotar uma falta de apetência inata (inversamente proporcional à dos atrasos) para danças contemporâneas. Não é que não goste, mas sinto-me perdido a partir de certa altura, e a utilidade marginal dos minutos começa a ser decrescente. E eu estava a ficar preocupado, será que o problema é meu? (OK, OK, já sei a resposta). Nas últimas férias, ouvi no “Guggas” (ainda sem cá ter posto as fotos correspondentes), que a arte contemporânea é complexa e que deve ser devidamente enquadrada.
Por insistência alheia, fui à conversa no fim. Não estava nada para ali virado. Eram 4 suecos, 1 espanhol e 1 português (este responsável pela programação). Curiosamente, valeu a pena.
Era suposto que a dança fosse “uma reflexão poética sobre a nossa necessidade de segurança e protecção num mundo mais carregado de temores do que de ameaças, inspirada na propensão natural e intuitiva do corpo para a auto-defesa”.
Gostei mais da explicação dos autores, nómadas e minimalistas por sinal, do que propriamente da dança. E de grande parte do público lhes ter dito que não tinha percebido lá grande coisa. E de eles aceitarem o facto com normalidade e sem presunções descabidas. Deu para perceber que algum pessoal que acha logo tudo esplendoroso e vê assim umas coisas do transcendental provavelmente não joga com o baralho todo.
Os bailarinos/encenadores/produtores/músicos deram explicações bastante prosaicas do que queriam, ninguém se chateou e a discussão acabou até por extravasar o espectáculo. Reconheceram as limitações da mensagem e lembrei-me de um arquitecto que, numa entrevista ao “Expresso” há pouco tempo, disse qualquer coisa do género de odiar os tipos que ficam estudiosos deles próprios (e apontou o Gehry como exemplo) e que nunca iria conseguir viver num mundo desenhado só por arquitectos.
Isto tudo não chega propriamente a uma conclusão, dado que gostei do “Guggas”...
Já agora aproveito para meter aqui uma “analógica” (das penúltimas férias).
Já não faço a mais pequena ideia de porque a tirei, mas até gosto dela.
Não é que ela já não viesse sem grande qualidade, mas o scan também não foi grande espada.
Lx
Não é que ela já não viesse sem grande qualidade, mas o scan também não foi grande espada.
Lx
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