O regresso do irracional - em VIII actos
“Próxima estação: Campo Grande. Há ligação com a linha verde.”
Foi mais ou menos por esta altura que redireccionei as minhas antenas para um dos diversos recantos da minha irracionalidade: o desporto-rei. Depois de ter provado a época passada, repito a dose este ano (agora ligeiramente, mesmo muito ligeiramente, mais descaído para a central).
Dado que há sempre muito que dizer, pensei que talvez fosse melhor organizar isto. Vamos lá então, com o texto repartido por oito partes:
I. Quis o acaso que a minha estreia este ano se desse com o SLB (eu normalmente vou ver futebol, mas tudo bem, quando se compra um bilhete de época tem que se ver tudo por atacado, doutra forma pode não compensar; assim cada jogo fica perto dos oito euros). Tinha estado em casa a espreitar uma das meias finais do US Open e só me apercebi ao que ia de facto quando, pouco antes de sair de casa, o Progenitor me telefona a perguntar se sempre queria ir ao jogo; é que já tinham sido disparadas balas de borracha. Tento descansá-lo, ia levar o cachecol certo, pelo que não devia correr grande perigo. “Quando o jogo é em Alvalade, normalmente atiram aos de vermelho”. Acho que não o descansei muito.
Chego às imediações a uma hora do apito inicial.
II. Segundo telefonema da noite, pequeno acidente doméstico, a espera deve demorar cerca de 20 minutos. Tudo bem, sempre vou coleccionando mais uns motivos de reportagem.
Ambiente tenso. Muito tenso.
O ano passado fiquei impressionado pelo civismo. As pessoas no metro eram ostensivamente dos dois clubes, mas o ambiente era saudável. Só ao chegar ao estádio é que vi 2 imbecis a fazerem asneira. Mas a polícia estava sempre por perto, ficou claro que não ia dar abébias, ninguém se esticou.
Este ano, nada vi no metro mas, cá fora, havia demasiada gente a querer violência. A muita polícia acalmou os ânimos, mas ficava sempre aquela sensação de os quererem apanhar desprevenidos, nem que fosse por 8 breves segundos…
III. Dado que o "anti-depressivo" também inclui a função radiofónica (posso memorizar cerca de oito frequências), vou tentar perceber os dois “onzes”. Reparo que o Porto está empatado e que ouve problemas com umas tranças. “Ah, era tão lindo!” - mas também para esses andámos a formar estrelas… (como mais tarde viria a descobrir).
No “meu onze” tudo relativamente espectável, mas no Benfica há mexidas. E eu que tinha (no gozo) sugerido a entrada deste tipo durante toda a semana! Será que o Koeman…
IV. Chega a companhia (este ano com um reforço) e seguimos para a fila de entrada. Ou melhor para o filão! “Nunca tinha visto isto assim” (e não era a primeira vez que o estádio enchia). “Hé pá, estão a abrir outra entrada!”. Aquilo que seriam 30 minutos transformaram-se em cerca de 8.
Ao passar nos torniquetes (sem nunca ter sido revistado…), um pequeno ecrã continuava a não anunciar novidades, o FCP mantinha-se em branco.
Primeiro contacto com a “nova curva”. Sim senhor, já dá para perceber um bocadinho melhor o que se irá passar no outro lado do campo.
Ouço um “A vossa atenção para os ecrãs” e começo a rever aquela exibição do Manuel Fernandes. Pelas imagens descubro que afinal foi 7-0… “Espera, não”; ouviam-se os comentários do Rui Tovar, afinal esse jogo teve 8 golos… Manuel José sobe ao relvado e lá consegue puxar de umas tímidas palavras, enquanto o estádio o ovaciona em pé. Por pouco não entra a maca pela primeira vez...
Entretanto o Porto marca. Quaresma, quem mais? (Pois é, ainda marcariam mais dois). Mas agora o Mundo vai parar…
V. O estádio em pé quando as equipas entram. Ambiente infernal. O som habitual: “Viva o Sporting”. Começam os petardos (mais de 20 ontem, talvez até uns 3x8…). Coreografias das três claques com muita tralha à mistura. Pequenos incêndios no fosso. “Em cada Lampião / Há um c……”.
Ou o estádio tem boa acústica ou o barulho é mesmo ensurdecedor. Por muito fortes que os jogadores sejam psicologicamente, só um autómato não ficaria intimidado com aquele ambiente. E talvez o Barbosa.
VI. Primeira parte relativamente tranquila. O árbitro deve ser familiar do Barbosa (que era o número 8); algumas faltas pareciam-me (a mim e à maioria do público) ao contrário. O Tonel nervoso a sair para o ataque, mas seguro na defesa. O Polga a não comprometer, mas a parecer-me demasiado lento (sem sobressaltos, contudo). O Luís Loureiro não é, de facto, o Rochemback: a defender dá conta do recado, mas a atacar está tudo demasiado confuso. Talvez o plantel deste ano não…
Começamos a assentar. E o Tonel arranca o primeiro grande aplauso quando limpa a jogada e na, saída para o ataque, senta o Simão. Estamos a chegar lá.
Canto. Tello marca, Tonel assiste de cabeça, Deivid deixa passar, Loureiro… bem, golão… tudo, mas mesmo tudo, de pé.
Foi mais ou menos por esta altura que redireccionei as minhas antenas para um dos diversos recantos da minha irracionalidade: o desporto-rei. Depois de ter provado a época passada, repito a dose este ano (agora ligeiramente, mesmo muito ligeiramente, mais descaído para a central).
Dado que há sempre muito que dizer, pensei que talvez fosse melhor organizar isto. Vamos lá então, com o texto repartido por oito partes:
I. Quis o acaso que a minha estreia este ano se desse com o SLB (eu normalmente vou ver futebol, mas tudo bem, quando se compra um bilhete de época tem que se ver tudo por atacado, doutra forma pode não compensar; assim cada jogo fica perto dos oito euros). Tinha estado em casa a espreitar uma das meias finais do US Open e só me apercebi ao que ia de facto quando, pouco antes de sair de casa, o Progenitor me telefona a perguntar se sempre queria ir ao jogo; é que já tinham sido disparadas balas de borracha. Tento descansá-lo, ia levar o cachecol certo, pelo que não devia correr grande perigo. “Quando o jogo é em Alvalade, normalmente atiram aos de vermelho”. Acho que não o descansei muito.
Chego às imediações a uma hora do apito inicial.
II. Segundo telefonema da noite, pequeno acidente doméstico, a espera deve demorar cerca de 20 minutos. Tudo bem, sempre vou coleccionando mais uns motivos de reportagem.
Ambiente tenso. Muito tenso.
O ano passado fiquei impressionado pelo civismo. As pessoas no metro eram ostensivamente dos dois clubes, mas o ambiente era saudável. Só ao chegar ao estádio é que vi 2 imbecis a fazerem asneira. Mas a polícia estava sempre por perto, ficou claro que não ia dar abébias, ninguém se esticou.
Este ano, nada vi no metro mas, cá fora, havia demasiada gente a querer violência. A muita polícia acalmou os ânimos, mas ficava sempre aquela sensação de os quererem apanhar desprevenidos, nem que fosse por 8 breves segundos…
III. Dado que o "anti-depressivo" também inclui a função radiofónica (posso memorizar cerca de oito frequências), vou tentar perceber os dois “onzes”. Reparo que o Porto está empatado e que ouve problemas com umas tranças. “Ah, era tão lindo!” - mas também para esses andámos a formar estrelas… (como mais tarde viria a descobrir).
No “meu onze” tudo relativamente espectável, mas no Benfica há mexidas. E eu que tinha (no gozo) sugerido a entrada deste tipo durante toda a semana! Será que o Koeman…
IV. Chega a companhia (este ano com um reforço) e seguimos para a fila de entrada. Ou melhor para o filão! “Nunca tinha visto isto assim” (e não era a primeira vez que o estádio enchia). “Hé pá, estão a abrir outra entrada!”. Aquilo que seriam 30 minutos transformaram-se em cerca de 8.
Ao passar nos torniquetes (sem nunca ter sido revistado…), um pequeno ecrã continuava a não anunciar novidades, o FCP mantinha-se em branco.
Primeiro contacto com a “nova curva”. Sim senhor, já dá para perceber um bocadinho melhor o que se irá passar no outro lado do campo.
Ouço um “A vossa atenção para os ecrãs” e começo a rever aquela exibição do Manuel Fernandes. Pelas imagens descubro que afinal foi 7-0… “Espera, não”; ouviam-se os comentários do Rui Tovar, afinal esse jogo teve 8 golos… Manuel José sobe ao relvado e lá consegue puxar de umas tímidas palavras, enquanto o estádio o ovaciona em pé. Por pouco não entra a maca pela primeira vez...
Entretanto o Porto marca. Quaresma, quem mais? (Pois é, ainda marcariam mais dois). Mas agora o Mundo vai parar…
V. O estádio em pé quando as equipas entram. Ambiente infernal. O som habitual: “Viva o Sporting”. Começam os petardos (mais de 20 ontem, talvez até uns 3x8…). Coreografias das três claques com muita tralha à mistura. Pequenos incêndios no fosso. “Em cada Lampião / Há um c……”.
Ou o estádio tem boa acústica ou o barulho é mesmo ensurdecedor. Por muito fortes que os jogadores sejam psicologicamente, só um autómato não ficaria intimidado com aquele ambiente. E talvez o Barbosa.
VI. Primeira parte relativamente tranquila. O árbitro deve ser familiar do Barbosa (que era o número 8); algumas faltas pareciam-me (a mim e à maioria do público) ao contrário. O Tonel nervoso a sair para o ataque, mas seguro na defesa. O Polga a não comprometer, mas a parecer-me demasiado lento (sem sobressaltos, contudo). O Luís Loureiro não é, de facto, o Rochemback: a defender dá conta do recado, mas a atacar está tudo demasiado confuso. Talvez o plantel deste ano não…
Começamos a assentar. E o Tonel arranca o primeiro grande aplauso quando limpa a jogada e na, saída para o ataque, senta o Simão. Estamos a chegar lá.
Canto. Tello marca, Tonel assiste de cabeça, Deivid deixa passar, Loureiro… bem, golão… tudo, mas mesmo tudo, de pé.
“E quem não salta / é lampião”. Petardos, demasiados petardos. Intervalo.
VII. Segunda parte. Parece que isto vai lá. O Nuno Gomes já em campo. Entrada duríssima sobre o Rogério. Não vi quem foi, mas o Rogério fica estendido no chão. Ele não é dos que fingem, aquela não foi para brincadeiras. Vermelho directo. Ricardo Rocha exaltado, mas nada a fazer, tem de sair. Voltam os cânticos. “Estão nas cordas, temos de aproveitar”. Não estamos a aproveitar. O Koeman parece acertar nas substituições, eles não deixam que o jogo se desequilibre. Estão unidos, não perderam a cabeça. O Miccoli movimenta-se muito bem e tem pormenores “de jogador”. Polga com falta palerma. “Caramba, à entrada da área, e está lá o Judas”. Pois é, uma política de exportações também traz dissabores. O Simão tinha sido insultado durante todo o jogo, fartou-se de reclamar com o árbitro sem apanhar amarelo; a bola ainda bate no Tonel, mas o placard não mente. 1-1. Descubro que a minha bancada tem imensos SLBistas que gritam a bom gritar (tirando um mentecapto ou outro, o público “da casa” respeitou as comemorações – são, aliás, compreensíveis; eles ainda não tinham marcado esta temporada).
Ai Peseiro, ui, phonix e o camandro. C’oa breca, que entra o Wender. O Loureiro desinibido já faz lançamentos longos. O Tello finalmente arranja espaço para cruzar, Liedson! Entre os centrais! Resolve! O Luisão parecia um Dodo…
Petardos e mais Petardos. Saem pessoas feridas. O corpo de intervenção está a uma nesga…a minha bancada grita para a JuveLeo “Palhaços! Palhaços!”.
“É sempre a mesma coisa, sofremos até ao fim…” mesmo com 10 o SLB jogou mais este ano que o ano passado. Sem mais incidentes (porque este ano não houve Mantorras) apito final. Alívio, parece que me tiraram oito anos de cima…
VIII. Chegado ao oitavo e último ponto, uma nota (mais) pessoal. Este irracional já tinha visto 35 minutos da doméstica Naval ao vivo (chega-lhes Fogaça!) - numa bancada, digamos, superior; mas entre adiamentos e oportunidades perdidas a crónica vaporizou-se no espaço e no tempo. Este irracional, embora não acompanhe a doméstica, não dormiria descansado se não lhe dedicasse estas linhas. Gostaria até de lhe dedicar umas outras linhas, mais racionais, mas hoje o dia é de festa e os assuntos sérios ficam para outras contendas. Agora, talvez seja melhor pensar no jantar, antes que cheguem as oito da noite…
Lx
PS – Foto absorvida à UEFA. E desculpa o tamanho da coisa JAF, mas por muito que tentasse, não era possível escrever menos. Um tipo que eu conheço é que costuma dizer: “Um adepto do FCP, como não tem na mesma cidade outro grande, nunca perceberá o que isto é”. Apesar de existirem para aí uns oito clubes no Porto…
VII. Segunda parte. Parece que isto vai lá. O Nuno Gomes já em campo. Entrada duríssima sobre o Rogério. Não vi quem foi, mas o Rogério fica estendido no chão. Ele não é dos que fingem, aquela não foi para brincadeiras. Vermelho directo. Ricardo Rocha exaltado, mas nada a fazer, tem de sair. Voltam os cânticos. “Estão nas cordas, temos de aproveitar”. Não estamos a aproveitar. O Koeman parece acertar nas substituições, eles não deixam que o jogo se desequilibre. Estão unidos, não perderam a cabeça. O Miccoli movimenta-se muito bem e tem pormenores “de jogador”. Polga com falta palerma. “Caramba, à entrada da área, e está lá o Judas”. Pois é, uma política de exportações também traz dissabores. O Simão tinha sido insultado durante todo o jogo, fartou-se de reclamar com o árbitro sem apanhar amarelo; a bola ainda bate no Tonel, mas o placard não mente. 1-1. Descubro que a minha bancada tem imensos SLBistas que gritam a bom gritar (tirando um mentecapto ou outro, o público “da casa” respeitou as comemorações – são, aliás, compreensíveis; eles ainda não tinham marcado esta temporada).
Ai Peseiro, ui, phonix e o camandro. C’oa breca, que entra o Wender. O Loureiro desinibido já faz lançamentos longos. O Tello finalmente arranja espaço para cruzar, Liedson! Entre os centrais! Resolve! O Luisão parecia um Dodo…
Petardos e mais Petardos. Saem pessoas feridas. O corpo de intervenção está a uma nesga…a minha bancada grita para a JuveLeo “Palhaços! Palhaços!”.
“É sempre a mesma coisa, sofremos até ao fim…” mesmo com 10 o SLB jogou mais este ano que o ano passado. Sem mais incidentes (porque este ano não houve Mantorras) apito final. Alívio, parece que me tiraram oito anos de cima…
VIII. Chegado ao oitavo e último ponto, uma nota (mais) pessoal. Este irracional já tinha visto 35 minutos da doméstica Naval ao vivo (chega-lhes Fogaça!) - numa bancada, digamos, superior; mas entre adiamentos e oportunidades perdidas a crónica vaporizou-se no espaço e no tempo. Este irracional, embora não acompanhe a doméstica, não dormiria descansado se não lhe dedicasse estas linhas. Gostaria até de lhe dedicar umas outras linhas, mais racionais, mas hoje o dia é de festa e os assuntos sérios ficam para outras contendas. Agora, talvez seja melhor pensar no jantar, antes que cheguem as oito da noite…
Lx
PS – Foto absorvida à UEFA. E desculpa o tamanho da coisa JAF, mas por muito que tentasse, não era possível escrever menos. Um tipo que eu conheço é que costuma dizer: “Um adepto do FCP, como não tem na mesma cidade outro grande, nunca perceberá o que isto é”. Apesar de existirem para aí uns oito clubes no Porto…
1 Comments:
Se eu fosse a ti preocupava-me mas era com a qualidade dos jogo apresentado pelas duas equipas. Mesmo o teu querido Sporting não jogou nada.
O FCP se tiver juízo (e poucas extensões de cabelo) ganha este ano com uma perna às costas...
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