quarta-feira, agosto 09, 2006

Verão, amor em percentagens e graxa...

O verão na Figueira teve segunda oportunidade em Agosto. Gente, demasiada gente. Mas a verdade é que quando dizemos que a cidade está vazia, há um certo desapontamento. No fundo gostamos da invasão...

Se há gente, demasiada gente também há gente bonita, demasiada gente bonita e também há mulheres bonitas, demasiadas mulheres bonitas. Mas penso que no fundo, nunca poderão ser em demasia...É uma festa para os sentidos, corpos bronzeados, muita cor de canela, muita roupa leve. O meu processador de homem solteiro entra em “overclock”. Tenho uma queda para miúdas do pseudo-jé-te-sé-te. Mas à distância, não tenho muita vontade de falar com elas...

E se há gente, demasiada gente também há gente conhecida, demasiada gente conhecida. Há noites em que grande parte da minha famigerada lista se materializa. Não sei se é porque o meu chefe está de férias, se é por andar com quilos a menos, se é por andar mais moreno ou porque de noite está uma temperatura amena e agradável, o facto é que ando mais solto. Distribuo “Olá menina...”’s, “Estás boa?”’s e “tudo bem”’s sorridente e com surpreendente desenvoltura. Congratulo-me com a retribuição geral da simpatia...devo ter muito amor para dar...

A meio do liceu também tinha muito amor para dar. Disse a uma “...sabes que eu gosto de ti, não sabes?” e disse a outra “...é porque gosto de ti, porque mais haveria de ser?”. Não contava que conversassem as duas e as duas me aparecessem no corredor de braços cruzados e olho franzido, qual gémeas falsas. Bem falsas porque uma era alta e cabelos e olhos castanhos e outra baixinha de cabelos claros e olhos azuis, uma era alternativa, a outra nem por isso...
“E então em que é que ficamos?” disse uma e a outra em delay:
” Sim, em que é que ficamos? Não me digas que gostas das duas...”
Eu na altura ainda achava que ia ser cientista (o que me aconteceu entretanto?), de modos que respondi:
“Sim, gosto das duas...talvez 75% de ti e 25% de ti...” apontei timidamente.
A menina dos 75% deu meia volta e sempre de braços cruzados, desapareceu furiosa...ainda tivemos um namorico. A menina dos 25% franziu o sobrolho para além do fisicamente possível e vociferou:
“Eu pensava que tu eras diferente dos outros...” deu meia volta e passou o resto do liceu a retribuir os meus olhares com uma expressão de tu-gostavas-mas-daqui-não-levas-nada-porque-eu-não-deixo.

Curiosamente ouviria aquela frase recorrentemente ao longo da minha vida.

Não aprendi nada e por isso, nesse mesmo ano, resolvi aplicar o mesmo método para outros fins. Disse na aula de Fisica-Química, Matemática e Alemão para cada uma das professoras: “Sabe stôra...huh...só não vou ter cinco na sua disciplina...”
No dia seguinte, ia para o bar comprar a minha pirâmide diária e dou de caras com a tripla:
“Anda cá!!! Com que então só não ias ter cinco na minha disciplina, hein?” vezes três... e vezes três os sobrolhos franzidos. Só consegui esboçar um sorriso comprometido e coçar a cabeça...
Mas na pauta só apareceram cincos. Nessa altura decidi reformar-me da carreira de graxista. Queria terminar em grande forma...

É dificil. A corda é bamba entre a falta de auto-estima e o narcisismo...

2 Comments:

Blogger Mae Frenética said...

Oh JAF!! Eu pensava q tu eras diferente dos outros!! :))

Tb não tens jeitinho nenhum pra mentir! LOL

9:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

tinhas razão,o post é uma delícia. melhor só as piramides do liceu e do ipanema!!Gosto especialmente da última frase...

3:56 da tarde  

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