quarta-feira, agosto 23, 2006

A solução (final) – breve ensaio

Eu sei que tenho o hábito de estar sempre a bater na mesma tecla (por exemplo: kkkkkkkkkkkkkkkkkkk), mas após ter vislumbrado um curto excerto de um discurso do Alberto João Jardim, ser-me-ia desumano continuar a resistir à tentação de dar, uma vez mais, o meu excelso contributo para tão elevada discussão – "A Ilha da Madeira, que futuro?"

E não só, não é novidade que o anterior Presidente da República lia este blog, e como tal, mais dia menos dia, o Aníbal também não resistirá a um "loadzinho" (assim que conseguir sair das primeiras páginas do “Expresso”).
No excerto do discurso do Alberto, ouvi qualquer coisa do género “Digam de uma vez por todas se querem ver a ilha da Madeira como parte integrante da República, porque para nós basta destas indecisões”.
Bravo, Alberto! Faça-se o referendo!

O primeiro aspecto a reter é que segundo o Alberto, a Madeira faz (fazia?) parte da República. Isto, à primeira vista não soa nada bem, mas consultando a Constituição, parece que é mesmo assim. De uma forma ou de outra, somos confrontados com a evidência do Alberto ser compatriota dos cubanos, esquerdalhos da comunicação social, homossexuais, cretinos, jacobinos, ingovernáveis, sacripantas, judeus, etç do continente. A isto chama-se progresso; o Alberto, afinal, se grita, se esperneia, se vocifera, é porque é, republicanamente falando, cá dos nossos (às tantas, gosta mesmo de nós).

O segundo, é que temos de dizer se continuamos a querer que a Madeira faça parte da república. Isto, para mim, confesso, também é novidade.
Destinamos parte do Orçamento Geral do Estado à Madeira, subsidiamos a produção da banana, o turismo; como aliás se espera, de acordo com o princípio da subsidiariedade. Ou seja, temos a obrigação, enquanto Estado, de privilegiar as regiões mais carenciadas ou com maior probabilidade de terem carências. Até é por isso que recebemos fundos dos outros países (mais ricos) da União Europeia, para que haja uma convergência das oportunidades, níveis de vida e afins.
Mas eu, ano após ano, ouço o Alberto a queixar-se: isto está tudo mal, esses tipos do continente não sabem nada, e troca o passo.
Entretanto, a Madeira tem um sistema de assistência social, de saúde, extremamente favorável à população (e muito bem); não se contêm em inaugurações, em túneis, em festividades pagas pelo Governo Regional – tudo isto pago pelo: contribuinte da República!
E eu pensei que era ele que queria, não nós. Isto por uma razão muito simples, um tipo aprende que o ser humano é racional, sendo que isto se traduz, no essencial, por querer ter mais, a ter menos (entretanto, dos bancos da faculdade para a vida real, percebemos que a racionalidade é um conceito um bocado mais discutível, mas adiante). E eu, enquanto contribuinte da República, não quero ter menos, quero ter mais (ambiciono ser racional, caramba!). Logo, se paguei à Madeira, não foi propriamente porque eu quis. Ou só porque eu quis. Segundo este pressuposto, quem devia querer eram eles, não eu. E encarava este processo como uma fatalidade, eles “querem” e nós “temos de”.
Mas parece que afinal “não temos de”, desde que a malta diga educadamente: “Obrigado, mas por agora não desejo mais” - tipo rodízio.

O que nos remete para o terceiro ponto fundamental: se ele faz parte da República, nós pagamos e ele insulta, podemos abdicar de pagar e ele de insultar (Alberto dixit), creio ter chegado o momento da maralha do continente, esta cambada de preguiçosos ingovernáveis, se pronunciar devidamente por forma a dizimar este sofrimento que nos assola mutuamente. Dou o meu modesto contributo para a questão a colocar (modesto, não sou jurista e estou sempre limitado na capacidade de complicar suficientemente as perguntas referendárias – dei contudo o meu melhor). É daquelas mutuamente exclusivas, se escolhe uma opção, não pode escolher a outra

- O contribuinte Republicano continua interessado em manter a ilha da Madeira enquanto território Português, sendo que desta forma tem de suportar o custo a ela associado, e tendo presente que se lhes (Madeira) for conferida independência, não vão desaparecer de um dia para o outro, continuam a falar português (ou muito parecido) e precisarão de receitas provenientes do turismo para se manterem economicamente, pelo que até se poderá continuar a passar lá umas férias, embora a preços mais módicos.
(Dê-nos o seu nº de contribuinte ___________________, que mais logo fazemos contas).

- Infelizmente, o contribuinte Republicano, apesar do elevado interesse e apreço que detém pela vida insular, do profundo e secular respeito, estima e consideração pelo património histórico, paisagístico e cultural da Ilha da Madeira; e dado que se manifestaram ao longo de todos estes intermináveis anos, incontornáveis diferenças de perspectiva quanto à gestão de fundos públicos; e que esta terrível opressão sobre os ilhéus o envergonha para lá do suportável; entende, com pesar, chegada a hora de conferir ao povo irmão da Madeira a total e irreversível independência em matéria política, legislativa, orçamental e cultural; pois agora nem para a contabilização da Zona Económica Exclusiva aquilo interessa - qualquer badameco da União Europeia, marroquino, etç, cá pode vir pescar.
(insira a sua morada _________________________________________, por forma a receber a Insígnia Autonómica, a mais alta condecoração conferida pelo Governo Regional da Madeira).
Lx

2 Comments:

Blogger Jaf said...

o teu chefe ainda tá de férias não é?

8:54 da manhã  
Blogger Jq said...

Não.
Mas é sempre reconfortante constatar a sensata preocupação do leitor em não cair na injúria, na calúnia e na provocação fácil, perante um post que versa sobre temas do quotidiano.

11:01 da manhã  

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