quinta-feira, outubro 20, 2005

"Porto Sentido"...

...ás vezes digo em conversa que, apesar de ser adepto do FCP e de ter tirado o curso no Porto, não tenho especial ligação à cidade, ou não nutro por ela especial simpatia.

Nesta última semana descobri que talvez não seja assim. Os defeitos que punha na minha vida portuense estão ligados aos problemas que qualquer cidade grande traz. Percebi então que aquela cidade é também um pouco minha e me diz um pouco mais do que outras...

Cinco anos depois e com a vida estabilizada a 120 km (também já não é assim tão longe), continuam a ser muito familiares aquelas ruas e passeios, especialmente de noite. Nas caminhadas pelas ruas, à noite, sinto-me em casa o que, com a companhia certa, desperta a vontade de conversar aquelas conversas que se desenrolam com muita calma...e nem os meus medos e fantasmas atrapalham. Pelo contrário compõem o cenário.

O que se passou então nesta semana de especial?

No fim-de-semana lugar fui às comemorações dos 10 anos da entrada na faculdade. No meu caso foram quase 30 horas seguidas de programa que incluíram: visita às caves do vinho do Porto, lanche e jantar na muy moderna e bonita Ribeira de Gaia (a que eu apelidei de Gaia 2.0), a dolorosa visão através da TV de 90 minutos de futebol, a invasão de um jantar de psicólogas, a visita a um bar fashion, 50 minutos de sono, pequeno-almoço numa casa-de-pasto (vulgo tasca) junto à estação de S.Bento, viagem pelo Douro acima de comboio, viagem pelo Douro abaixo de barco com almoço e eclusas de 30 metros incluídos (vão ver ao dicionário o que são eclusas), pit-stop no “cubo” da Ribeira, jantar na churrasqueira da rotunda...tudo regado com muito moscatel (do Douro, claro), muito vinho do Porto, muita nostalgia e alguma camaradagem...

Ontem fui pela primeira vez ver um jogo do FCP ao Estádio do Dragão, eu que, qual adepto desnaturado, em 5 anos de vida no Porto nem sequer tinha ido ao Estádio das Antas. Fiquei surpreendido pela descontracção do ambiente no jogo, confirmei a extrema beleza do estádio e que este, sendo moderno, faz com que assistir a um jogo de futebol já não tenha de ser um bicho-de-sete-cabeças desconfortável, frio e molhado. Descobri também que, no que toca a verbalizar impropérios ao árbitro, jogadores e equipa técnica, sou um amador e dos maus. De facto, é preciso uma capacidade quase atlética para saltar com aquela velocidade da cadeira e soltar um seco e potente “Oh, meu morcão filho-da-#$%& azeiteiro!!!”...no entanto, vi reformados a fazê-lo na maior.

Ganhámos aos italianos, o que deu um balão de oxigénio ao velho holandês, de quem eu apesar de tudo, continuo a gostar. Assisti atentamente ao Figo, mas confesso que quem me siderou foram os dois “patrões” argentinos: o nosso, o Lucho e o deles, o Verón.

E assim regressei a casa de sorriso nos lábios, cachecol azul-e-branco novo sobre os ombros e já com alguma saudade...

O título é da canção Rui Veloso claro, as fotos são da produção interna, e documentam os dois finais de festa: no Douro e no estádio.

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