Solidariedade para com os Balcãs
É caso para dizer que nem só de urânio empobrecido se fizeram os danos colaterais.
Consta (por tudo é moça a rondar os 30) que foi por lá que tudo se iniciou. O desespero, a melancolia, os sentimentos verdadeiros de solidão, os três acordes por música e a cruz de muito boa gente amante do FM; foram meses e meses de bombardeamentos de “You’re beautiful” – fizeste-la bem feita, Milosevic.
Eu não tive culpa, aliás, tudo fiz para chegar a horas, mas foi mesmo impossível. Ainda deu para perder duas músicas e meia e safei-me ao responso – sempre existem milagres.
Pelo caminho, apanhámos duas tresmalhadas que não sabiam aonde era o Coliseu. Eu ainda estava para desabafar “É pena, é uma sala bonita para concertos ao vivo, para a próxima hão-de experimentar”, mas como, para além da “sócia”, estava acompanhado por uma guarda armada composta por duas leitoras (mas quais leitoras?) aqui do pasquim, achei por bem preservar a integridade física (creio que elas me tinham tomado de ponta).
O atraso só foi pena porque até tinha ensaiado alguns comentários que tencionava exclamar um tom e meio acima do normal, em jeitos de experiência sociológica (“Viram a entrevista dele ao Blitz? Finalmente assumiu a homossexualidade!” ou um “Deu ontem um documentário na BBC em que ele apresentou o tipo que lhe escreve as letras”). Fica para uma próxima.
No meio da escuridão ainda nos perdemos uns dos outros (parece que estava a dar uma música "muito gira") e, já agora, o meu apelo aos organizadores, faz falta um bar ali no meio quando se trata deste tipo de eventos (é um sarilho para sair e voltar a entrar).
A multidão estava ao rubro, com o público completamente ao seu dispor (calma, eu não…). A banda era competente, sem complicar, mas a arranjar uns floreados, temperados com solos qb. O espectáculo de luz estava bem esgalhado e ele fazia por animar as hostes: corria, falava, alinhava com os restantes músicos, vinha cá para a frente franzir o sobrolho e mostrar as dentolas, numa de “hard rock”, enquanto se mantinha a tocar o mesmo acorde durante dois minutos, numa pose “sou tão selvagem, eu!”.
O mulherio apreciava a desenvoltura e estou em crer que até quereria mais. Uma senhora, já nos seus 50, cabelo grisalho (e provavelmente até pessoa respeitável), não conseguia conter um frenesim epiléptico que, por momentos, me pareceu excessivamente próximo do AVC.
Apesar de lhe apreciarem sobretudo a sinceridade, a humildade e a simpatia; a generalidade das senhoras parecia estar a descair agora para um tipo de preferências mais carnais. “James, you’re beautiful!” esganiçava, perto de mim, uma pobre vítima da globalização.
Entretanto a coisa chega ao fim, muitos “Oh!!! Já?!”, mas não se pode pedir mais actuação a quem, com tanto esforço (e 8 palavras), ainda só fez um álbum. Não se renderam as meninas (eu bem avisei, se não se calam, ele volta) e ele lá reapareceu, para tocar as duas que faltavam e ainda uma nova (igual às outras).
Mas o pior não foi isso; como dizia um avô meu, “Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado vem” e, qual o meu espanto, quando o sacripanta e restante maralha soltam, na guitarra, o mi do “Where is my mind”.
“Isto é Pixies” deixei escapar, imprudente... Fiquei em choque (ainda agora sinto calafrios, quando me lembro disso), e dei por mim com três indivíduas a observarem-me ostensivamente, em pose de guarda prisional. Instalou-se um dilema: se ficasse parado, parecia estar a renegar os sacrossantos Pixies; porém, se me mexo, afinal o “Pato” até tem bom gosto e canta bem.
Estava ainda a contemporizar, quando o chavascal feminino reaparece. Acontece que, numa das pausas da música, as luzes apagam-se e ficam projectados uns malmequeres cor de rosa, aos rodopios. Vá-se lá saber porquê, isto causou uma sensação de êxtase na populaça, que se manifestou em suspiros delirantes, e eu consegui “desviar para canto” (embora, mais tarde, fosse devidamente massacrado).
E foi mais ou menos assim que sobrevivi. Quanto ao final da festa, estreia penosa da “Uèlèlèlè FM” no audiovisual. Fiquei encarregue de captar imagens (afinal de contas, eu conseguia manter a plena posse das minhas faculdades mentais), tarefa que não me correu muito bem. Dado que a polaroid permitia a captação em vídeo, fiz uma gravação relativamente extensa da tal música maldita.
E eis chegado ao único ponto de interesse deste post:
Vídeo do James Blunt do concerto em Lisboa! (isto já deve dar para aparecer no google, mas eu vou chegar-lhe outra vez);
Vídeo do James Blunt, concerto em Lisboa! (a imagem e o som são maus – sobretudo o som - mas é mesmo o Jaime; não sou eu ali no piano bar do Sheraton).
JAF, para ti que quase estavas a encomendar um puto do Bangladesh em nome das audiências deste blog, fica aqui expressa a minha solidariedade.
PSIL, calma, respira fundo pá, também não é razão para te meteres já num barco.
Quanto aos restantes (quais restantes?), se algum dia tiverem dificuldades em deitar cá para fora aquele álcool que ingeriram em excesso, é só clicar aí em cima do lado direito...
Lx
6 Comments:
vais levar tantas, tantas...
mas é preciso combater esse demónio. Obrigado.
Sr.Pasquino, apenas 2 observações:
-as tresmalhadas iam ver o concerto tal como nós e guarda armada??!!...
o concerto foi porreiro, foi uma hora...e tal de folia, acima de tudo conheci a fantástica sala do mítico coliseu.
amigo,de guarda só tenho a barriguita típica e, de vez em quando, o bigode:) de armada,só se for armada em boa!!fizeste falta no São João para aparar as quedas...
gostava muito de emitir um comentário gozão ou de censura, mas na verdade não sei de quem é que estás a falar... pelo texto parece-me que é bastante mau, por isso deixo aqui o meu abraço de solidariedade.
como é que funciona isso do álcool em excesso?
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
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