segunda-feira, abril 10, 2006

Fim do sonho

Antes que insinuem que tenho mau perder, cá vai a minha breve versão dos factos da roub... da última jornada.
Ao sair de casa, o habitual movimento junto do comércio do condomínio lançava a sua laracha: “Porque é que leva isso, vizinho? Olhe que vai perder!” ou o “Grite por mim, temos de lhe ganhar!” - ainda hei-de sentir saudades disto.
Mais cedo, com sol, que em dias de jogos grandes convém não abusar da sorte; o bilhete dá para um sector que só acaba lá mesmo em cima.
O metro estava ainda mais repleto de verde, mais garrido, menos tímido. E nestas coisas, acho que convém referir o saudável, também os vi do Porto (mães com um filho em cada mão, um verde e outro azul, equipados a rigor). Apesar de se estar a adivinhar um clima de “cortar à faca”, ninguém quis alombar nos trip...ehh nos ladr...hmmm, nos adeptos do Porto.
Desta vez, com polaroid. Incautos, deixaram-na lá em casa.

Grande nervosismo antes do jogo. Levo sempre o “anti-depressivo” para os jogos grandes - mais para saber se posso sair sem preocupações do estádio – e isso não facilita o abrandamento do batimento cardíaco (desta vez foi muito útil para saber quem ainda não tinha apanhado amarelo).

Primeira explosão, quando anunciam a entrada do Ricardo para o aquecimento. Será o mesmo? È que a ovação foi monumental: “De falta de apoio não se vai poder queixar!”.

Passado pouco tempo (e sem anúncio) entram o Helton e o Baía. A claque do Porto rejubila, mas o que se sobrepõe no estádio é um “Baía / C$%?&! / Não vais à Selecção!”

A selecção musical é sempre cuidada nestes dias. Entre os comentários mais ou (muito) menos felizes dos speakers, lá saltam os vários êxitos do CD da Juve Leo (adaptações de Frank Sinatra, The Clash, etç - “uma equipa belíssima / uma curva fantástica, etç”). Antes do hino (“Viv’ó Sporting”), tempo ainda para um “Cheira bem! Cheira a Lisboa!” (prontamente coadjuvado pelo público) e para aquele memorável dueto entre Freddy Mercury e Montserrat Caballé em “Barcelona!”.

Anunciam a entrada do resto da equipa da casa para o aquecimento e o barulho é ensurdecedor. Deve ser um sonho entrar no relvado assim... se se jogar em casa.

Claro que assim que os “azuis” entraram, a coisa atirou um bocado mais para o vernáculo, ensaiaram-se os habituais gritos, complementados entre os topos: “Em cada tripeiro! / Há um panel#$&?!”

Recolha aos balneários e o nervosismo apertou forte. Homenageadas várias figuras do atletismo do Sporting, com palmas atrás de palmas, e o relógio a correr.
Entram as equipas, sem surpresas nos “onzes”. As coreografias são postas em prática. Parece incrível. Novamente o hino do Sporting e novamente o “Cheira a Lisboa!”

O resultado do sorteio foi o adequado, na segunda parte atacam para este lado.

Sai do Porto, que na primeira jogada consegue canto. Irritantes, os tipos. O Porto começa bem, embora daí não resulte nada. O Sporting demorou algum tempo a assentar o jogo. Claro que quando o fez, foi bonito, com o Carlos Martins a fazer jogadas que enchem um estádio. O Porto começa a encostar ligeiramente, mas nunca dá a posse de bola de barato e começam as entradas feias (dos dois lados). Foram várias, de onde estou não tenho repetições e sou extremamente influenciado pelo ambiente, mas não me parece que o árbitro tenha estado bem.
O amarelo ao Deivid soou a despropositado, alguns defesas do Porto precisaram de bem mais que isso, e só o viram na segunda parte. O amarelo ao Carlos Martins e ao Sá na primeira parte vinham complicar as contas. São ambos muito impetuosos e estava instalado um certo clima de distribuição de fruta.
O árbitro perdoa uma entrada do Bosingwa sobre o Liedson, lei da vantagem dada ao contra-ataque, não se mostra cartão na paragem seguinte. E a paragem seguinte foi um ajuste de contas do “Levezinho”; portanto, dois amarelos no bolso.
O Quaresma estava a ter muitas dificuldades em desequilibrar e começa também ele a perder a cabeça. Faz uma entrada muito feia e o público não lhe perdoa. Ferve-se em Alvalade...
Intervalo com direito a espectáculo de ginástica (por acaso, não costumo ligar um caracol a estas coisas, mas desta vez prenderam-me a atenção). Nani a aquecer, entram as equipas e ele já sem fato de treino, mas afinal parece que não. Bluff do Bento? (Directivo XXI: “O Vaticano tem o Bento XVI, nós o Bento 17”...).
Recomeça.
O Quaresma, o Carlos Martins e o Sá começam a forçar a disciplina. O Pepe e o Pedro Emanuel a abusar. De futebol, vê-se pouco.
Adriaanse não arrisca e tira o Quaresma, irritadíssimo, que por pouco não empurra o Reinaldo Teles quando este o tenta cumprimentar. O Bento tira o Carlos Martins (o Nani se aquecesse mais desfalecia). Duvido do futuro da contenda, a bola andava cá e lá, não percebia para que lado poderia cair o jogo.
Sobrou o , que assim que pôde, azimbrou mais uma e veio mesmo para a rua. Estamos com dez, e agora?
Bem o Bento não se mostra perturbado e a equipa não vacila. Continuam a tentar e o Nani começa a fazer misérias na defesa do Porto. Finalmente saem cartões para o Bosingwa e, como não fome que não dê em fartura, aquele abraço e banhinho mais cedo. Renasce a fé, “Só eu sei, porque não fico em casa!”.
Mas não rematamos, exigiam-se mais riscos.
Começa a aquecer o Bruno Alves e eu recupero algum ânimo. Quanto ao Rudolfo, ainda deve estar na mãe África, dali só saem suspiros da bancada.
Sai o Abel e entra o Koke (eu ainda hoje não percebi se o gajo presta ou não), três defesas e o resto lá na frente.
Mas contra-ataque e golo do Jorginho. Balde água fria, os adeptos do Porto gritam a bom gritar junto dos jogadores do Porto mais de minuto e meio, sem que ninguém veja amarelo. As claques do Sporting não desanimam e retomam logo os cânticos. Grande parte do público “desacredita”, abandonam o estádio.
Alterno entre o “anti-depressivo” ligado e desligado. O som do estádio vale mais a pena, mas sucedem-se lances duvidosos e não tenho repetições. Pede-se penalty (eu também sou capaz de ter dito qualquer coisa, hehehe!). Lá em baixo, os nervos falam mais alto, mas apesar disso há ainda um livre frontal.

Sem Carlos Martins, a bola bate na barreira e sai. Canto, sobe o Ricardo. Misto de esperança e conformismo na bancada. Também não resulta. Apesar do treinador, a festa é do Porto.
Lx

PS – outra visão da coisa.
As minhas desculpas pela má qualidade das fotos e pela extensão disto.

2 Comments:

Blogger Jaf said...

Roubalheira?! desta vez não...

Fair and square.

Quando o Pinto da Costa se separou da #$%& isto entrou logo nos eixos.

Ainda vou ver o brilhantinas da sic noticias a beijar o cu, quer dizer Co.

2:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

amigo SCP FOREVER!!!!!sofrer um golo aos 80s minutos,2 anos seguidos,no jogo do título é um verdadeiro filme de terror, "morrer na praia parte II - o renascer de Jorginho"
Esperemos que não se repita também o 3º lugar...
Apesar de tudo SCP FOREVER!!!!
Lara

12:59 da manhã  

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