terça-feira, janeiro 17, 2006

Presidenciais IV - A decisão

Ainda falta, mas como acho que já não vou ter mais tempo para escrever sobre o assunto, já fica.
Resumindo, acho que os debates e a campanha (até agora) tiveram um grande mérito, perceber o que aí vem. Trouxeram, contudo, uma triste confirmação. No que isto (Portugal), se tornou.

Começando pelo que está em primeiro nas sondagens, Sr. Professor, devo-lhe dizer que, se dúvidas tinha, sobre se sua excelência (quase de certeza o meu próximo presidente) é um rotundo mentecapto, esta campanha em nada me defraudou.
A Cavaquice transpirou arrogância (nem sequer cruzou o ol
har com Francisco Louçã no debate televisivo), foi demagogo (cartazes com “sei que Portugal qualquer coisa assim entre aspas” dão-me vómitos), apelou ao que mais paroquial e pobre de espírito existe na sociedade Portuguesa (“duas pessoas sensatas, na posse dos mesmos dados, têm a mesma opinião” – exceptuando, por exemplo, se estivermos a falar de uma situação em que se impõe a intervenção de um Presidente da República).
Humildemente, parece-me que Presidente e Governo da mesma cor política é má ideia, haja então alguma vantagem na sua hipotética vitória.

O Dr. Soares é capaz de dizer a maior barbaridade deste mundo de cara séria, com toda a gente discordar de si, percebermos que não faz a mínima ideia do que está a falar e não perder nada com isso (“O Banco Central Europeu subiu a taxa de juro para estimular a economia europeia” disse o animal político numa entrevista ao Público).
Não gosto de analogias a partir da política para o futebol (ao contrário já acho alguma piada), mas desta vez abro uma excepção. Faz-me lembrar o Jorge Costa dos tempos áureos, a distribuir fruta para onde está virado, sem nunca cheirar o cartão amarelo.
Dizer que o Presidente não pode fazer nada, quando lhe dá jeito; e depois já pode, porque ele é que sabe como é que é, é mais uma pirueta assinalável. E um dossierzito de vez em quando também não faz mal a ninguém.A idade pode mesmo ser um problema, mas honra lhe seja feita no seguinte: desconfio fortemente que na sua idade estarei muito menos disponível para me dar ao trabalho de aturar a cangalhada Portuguesa, que alegremente desponta nestas alturas eleitorais (e noutras).

Também Alegremente, e ninguém o cala, com a Pátria, a fraternidade, a tortura do sono, Argel, a solidariedade e a guerra. Está bem, e quanto a ser presidente? E quanto à legislação que lhe deveria ter passado pelas mãos todos estes anos? E porque não suspende o mandato de deputado se não quer discutir essa questão menor e economicista - o orçamento de estado (única lei Portuguesa que obedece a uma espécie de constituição europeia – O Pacto de Estabilidade e Crescimento).
Duvido que Manuel Alegre seja o Homem certo para o cargo, que tenha a fibra e a coragem de decidir com o poder nas mãos.
Mas contrariar o actual PS numa candidatura independente, confesso que é de Homem. Dizer que não concorda com a candidatura de Mário Soares também. Incomodar aquelas almas pardas seguidistas, que confortavelmente se vão instalando em tudo o que é administração pública, ter a coragem de lhes explicar que uma coisa é ganhar eleições, outra bastante distinta é actuar sem sequer qualquer ponta de vergonha na cara, já mereceu o meu aplauso.

Caro Jerónimo, uma candidatura do PCP (e não sua) serve sobretudo para evitar uma maior abstenção e uma vitória à 1ª volta do Prof. Cavaco. Consegue ser simpático e não explicar nada. E arrastar eleitorado à sua volta, feito que eu julgava impossível.

Alguém disse um dia que o Prof. Louçã tem um estilo “tele-evangelista”. Eu concordo, a forma determinada e sobranceira como expõe os argumentos tem desarmado, para um comovente silêncio, jornalistas e oponentes. É pena, porque dava jeito que alguém o conseguisse contrariar nalgumas coisas. O Prof. Cavaco não se quis dar ao trabalho (provavelmente não precisa), mas desta forma perdeu uma boa hipótese de se descolar do epíteto “razoável economista”.

Garcia Pá! Tu é que a levas direita!
O que mais me preocupa é que, ao ver algumas notícias, começo a concordar com algumas das fatalidades que tu pregas. Tu próprio deves ter estar aflito pois, se calhar, não acreditavas lá muito nalgumas delas (“Nem no tempo do fascismo a polícia tinha o poder discriminatório dos dias de hoje!”).

PS – Imagens dos sítios oficiais dos candidatos.
Excepto a do Jorge Pá, arrebanhada em parte incerta.

3 Comments:

Blogger Jaf said...

O determinado e sobranceiro tele-evangelismo deve ser um predicado do ISEG ;)ehehe!

Jorge a presidente Vitalício!

8:50 da manhã  
Blogger Jq said...

Eh pá, não insultes o Garcia... se ele lê isto, ui, ui!

12:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

o garcia é grande! sabe que vai perder e mesmo assim arrisca a vida em bairros onde eu só penso ir num dia em que esteja com vontade de levar uns tabefes!

11:55 da manhã  

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