O gomo
Evidentemente que não dou para crítico de arte; mas o objectivo não é bem esse. E também não me pagam a publicidade.
Ontem voltei a esta sala e estou numa de penitência por várias “faltas injustificadas”.
A primeira vez foi curiosa, porque o público assistia no próprio palco e a tradução era em simultâneo através de headphones (foi hilariante ouvir uma tradutora com sotaque de leste a pedir desculpa no início do 2º acto; a peça já tinha começado, mas a senhora distraiu-se; foram 5 minutinhos de teatro em húngaro inesquecíveis!).
Seguiu-se este manhoso italiano, com um trompetista ultra-irrequieto (Gianluca Petrella), a explicar entre 2 músicas porque é que o título “Theme for Jessica” lhe deu problemas lá em casa (não é esse o nome da esposa) e o que realmente o motivou a compor sobre a felicidade (“Happiness Is to Win a Big Prize in Cash”) - com casa e carro para pagar, lembraram-se, finalmente, de o galardoar, em Copenhaga, com algo diferente das estatuetas estapafúrdias habitualmente despachadas para a casa da sogra.
Num dos que eu depositava mais esperança foi o com menos impacto. A P.J. que me desculpe. Do quarteto gostei, embora alguns dos compositores não me entusiasmassem.
E a última vez tinha sido este senhor, e o seu espectáculo híbrido. Qualquer coisa entre Jazz e Flamenco, onde pontificava uma personagem que mais parecia um vendedor de tabaco contrabandeado, em Algeciras; magríssimo, de calças justas, tez extremamente morena e gadelha que estimo as melhoras. O espécimen (Tomás Moreno – “Tomasito”) tinha uns acessos de energia tresloucada que o levavam, de quando em vez, a interromper as palmas sentadas e a graciosamente depositar num pequeno semi-palco de madeira uma dança que transpirava de orgulho, temperada com uns “Olé!” q.b.
Ontem, depois de 50 bocejos entre a boleia e o início do espectáculo, estava a ver a vida a andar para trás. Não se percebiam os actores, as danças pareciam despropositadas. Quando engrenou, foi mais um serão bem passado; parecia uma versão de banda desenhada, com os movimentos de expressão corporal extremamente caricaturados e uma banda em palco a debitar a banda sonora. Com outra vantagem adicional: à tarde recitei hossanas ao cumprimento das regras, à noite relembraram-me a vantagem de questionar algumas premissas. Gostei sobretudo da médica rebelde, que prefere restituir a maldade (e por consequência a escolha), que erradicá-la.
Que a penitência dê frutos, pois ainda tenho uns meses largos para me sentir jovem naquela política de preços (ao menos nalgum lado, hehehe!).
Lx
PS – Ainda arrisquei uma exposição de fotografia, mas eram 300 fotos de um mesmo rosto masculino. É uma experiência que eu não relembro com particular saudade (“Quando é que isto acaba? Hã!?”).
Esta foto, retirada do sítio.
Ontem voltei a esta sala e estou numa de penitência por várias “faltas injustificadas”.
A primeira vez foi curiosa, porque o público assistia no próprio palco e a tradução era em simultâneo através de headphones (foi hilariante ouvir uma tradutora com sotaque de leste a pedir desculpa no início do 2º acto; a peça já tinha começado, mas a senhora distraiu-se; foram 5 minutinhos de teatro em húngaro inesquecíveis!).
Seguiu-se este manhoso italiano, com um trompetista ultra-irrequieto (Gianluca Petrella), a explicar entre 2 músicas porque é que o título “Theme for Jessica” lhe deu problemas lá em casa (não é esse o nome da esposa) e o que realmente o motivou a compor sobre a felicidade (“Happiness Is to Win a Big Prize in Cash”) - com casa e carro para pagar, lembraram-se, finalmente, de o galardoar, em Copenhaga, com algo diferente das estatuetas estapafúrdias habitualmente despachadas para a casa da sogra.
Num dos que eu depositava mais esperança foi o com menos impacto. A P.J. que me desculpe. Do quarteto gostei, embora alguns dos compositores não me entusiasmassem.
E a última vez tinha sido este senhor, e o seu espectáculo híbrido. Qualquer coisa entre Jazz e Flamenco, onde pontificava uma personagem que mais parecia um vendedor de tabaco contrabandeado, em Algeciras; magríssimo, de calças justas, tez extremamente morena e gadelha que estimo as melhoras. O espécimen (Tomás Moreno – “Tomasito”) tinha uns acessos de energia tresloucada que o levavam, de quando em vez, a interromper as palmas sentadas e a graciosamente depositar num pequeno semi-palco de madeira uma dança que transpirava de orgulho, temperada com uns “Olé!” q.b.
Ontem, depois de 50 bocejos entre a boleia e o início do espectáculo, estava a ver a vida a andar para trás. Não se percebiam os actores, as danças pareciam despropositadas. Quando engrenou, foi mais um serão bem passado; parecia uma versão de banda desenhada, com os movimentos de expressão corporal extremamente caricaturados e uma banda em palco a debitar a banda sonora. Com outra vantagem adicional: à tarde recitei hossanas ao cumprimento das regras, à noite relembraram-me a vantagem de questionar algumas premissas. Gostei sobretudo da médica rebelde, que prefere restituir a maldade (e por consequência a escolha), que erradicá-la.
Que a penitência dê frutos, pois ainda tenho uns meses largos para me sentir jovem naquela política de preços (ao menos nalgum lado, hehehe!).
Lx
PS – Ainda arrisquei uma exposição de fotografia, mas eram 300 fotos de um mesmo rosto masculino. É uma experiência que eu não relembro com particular saudade (“Quando é que isto acaba? Hã!?”).
Esta foto, retirada do sítio.
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