segunda-feira, julho 31, 2006

“Os meus óculos-de-sol” – trá-lá -lá dos anos 60?...

JAF: ”Boa tarde...precisava de uns óculos escuros graduados...os meus já têm um desvio de graduação...e...”
MDO (Menina Do Oculista): ”Humm, para graduar...não tem muita escolha, que lhe fiquem bem, tem basicamente estas armações, experimente...”

Coloquei-os na cara, reparei que são daqueles que, para além de tirarem o sol dos olhos, tiram também das bochechas e de metade da testa. Lentes generosas, portanto...FASHION!!!

MDO: ”Vê...ficam-lhe bem...gosta?”
JAF: “Ficam bem, mas não sei se gosto...”
MDO: “Porquê?”
JAF: “Sabe, eu sou tipo discreto e estes...e depois a marca, é meio, huh...chique... e eu huuhh, pois...”
MDO: ”O que me está a dizer é que não gosta de ter bom aspecto...é isso?”
JAF:” Bom, não é bem...huhh...”
MDO: ”Então?...”
DDO (Dono Do Oculista): “Engenheiro...algum problema...não gosta e não tem muita escolha ...ponha lá...é pá, ficam-lhe bem! Qual é o problema?”
JAF:” Huuh...marca e...huh, discreto...pronto, OK...eu levo-os...”
DDO: “...e ponha umas lentes de topo aqui para o nosso bom cliente...”
JAF: “Ai sim ?! E o preço...”
DDO: “...os seus olhos merecem e estas armações também, deixe lá o preço...mas, deixe-me cumprimentá-lo, então como vai a vida e tal...”- pega-me no braço e volta a cabeça par trás, ordenando: “...menina, faça lá encomenda das lentes...”.

Intermitência da morte, já dizia o nobel comuna: A menina do oculista tem os cabelos tão negros como os seus olhos, a pele é branca, semi-gótica, é gira que se farta...no dedo anelar usa um anel com um pentagrama. Uiiii, que susto: comprometida e satânica, águas passadas...nem quero pensar...

Um dia depois:

PDJAF (Pai Do JAF): “Passei no oculista levantar as minhas lentes. O tipo disse-me que foste lá ontem...”
JAF: “Pois fui...e então...”
PDJAF: “Ele disse: tão bom rapaz o seu filho, um tipo calmo, com aquela presença...”- nisto, o meu pai começa a mover-se em círculo com um ar gingão em câmara lenta e a rir-se a bandeiras despregadas....
JAF: ”Kééé!...o que é isso pai?!”
PDJAF: “O gajo imitou o teu andar, pá...foi de morte...e rematou: ...mas faz sempre boas compras, o seu filho!”
JAF: “Pois faço...” – assustado, murmuro: “Passa-me o vinho...”
PDJAF: “Agora bebes vinho?”
JAF:”Bebo!...e se tornas a imitar o gajo a imitar-me a mim, é melhor abrires outra garrafa!!!”

O meu pai levanta-se da mesa, faz a ginga outra vez, pisca o olho à minha avó e torna-se a rir, agora em coro com a minha mãe e com a minha avó, que já não ouve muito bem, mas aprecia estas palhaçadas...

Pois...faço boas compras, faço. Cum’ caraças...

Areia...

Houve aí uns anos, os de faculdade, que estive chateado com a praia. Aliás a versão oficial ainda é´: “Não gosto de praia”. Por essas alturas tinha o Verão todo para lá ir, a praia estava já ali, a 1 km e, mesmo assim, só lá malhava com os costados metade de meia dúzia de vezes.

Se quisessem provar o meu temperamento no seu pior, façam como ela fazia: telefonava e dizia: “São 10 da manhã, porque é que não estás na praia?” - a resposta negativa era seca, mas diplomática, o que me passava pela cabeça era uma coisa que só seria traduzível por um chorrilho de asneiras. Vejam, o pecado era duplo: por um lado implicava ser de manhã nas férias e eu não estar na cama e por outro era estar num sítio de que não gostava: a praia...

Este meu modo de vida dava-me bom aspecto. Não ia á praia, mas era verão e de modos que a minha cara não ficava bronzeada, mas adquiria um tom que eu chamaria de amarelo-malária. As minhas pernas permaneciam brancas e não disfarçavam o vermelhusso do borbulhasso dos pêlos encravados...(espero que já tenham feito a digestão)...

Não me entendam mal, eu tenho boas recordações da praia. Os dias na Murtinheira com o papá e a mamã e a jogar com o mano às defesas com aquelas bolas de borracha muita’ leves. Os dias na Praia do Hospital a picar carreiras em meia prancha de esferovite que arranhava a barriga, acompanhado pelo grupinho de verão da minha prima de Lisboa ...(agora ocorreu-me que esses verões eram muito parecidos com os episódios do “Morangos”, mas sem telemóveis, em que eu fazia de imberbe e ranhoso primo mais novo dos adolescentes. Ui...assustador)... Os responsos do treinador de natação quando o escaldão me impedia de treinar...Os dias no Cabedelo quando me orgulhava de ser o pior bodyboarder de todos os tempos a dropar aquelas ondas...

Agora começo a dar outra vez valor à praia, talvez seja porque não tenho muito tempo para lá ir...Ontem estava de prevenção à fábrica. Fui para a praia, mas deixei no carro um par de calças e umas botas para me dar um ar digno caso fosse chamado. Se me telefonassem o meu interlocutor iria ouvir o barulho do quebra-côco...

Quando dizia que não gostava de ir à praia, justificava com o facto de não querer passar o dia estendido sem fazer nada, ainda para mais sem tê-vê-cabo. Agora aprecio o “zen” de tal actividade...ou ressono alegremente, ou viajo profundamente nas profundezas da mente. Desvio o olhar do sol, fixo no horizonte um bocado de céu exclusivamente azul sem variação de tons, o mp3 debita melancolia islandesa e por isso, quando dou por mim, já estou a imaginá-la a enumerar todos os motivos lógicos e racionais para eu não me aproximar e eu a retorquir ilógicas e irracionalidades para o fazer...De volta ao mundo real, enquanto sacudo a areia das sandálias, lembro-me amargamente que tal conversa está longe de acontecer.
Que diabo, por estes dias até me dou ao trabalho de aplicar um creme pós-sol, 100% natural, que uns brasileiros que visitaram a fábrica me ofereceram. A sensação é única, somos invadidos por uma brisa fresca, parece que mergulhei num caldeirão de halls-mentóóóólyptus versão pinguim...brrr...

Gosto do meu ar mais saudável e menos amarelo e até a minha hérnia me permitiu falhar estrondosamente uns pontapés de bicicleta quando jogava aos centros junto ao mar com o pessoal...boa vida.

quarta-feira, julho 19, 2006

Tétrico...

Depois do calor a borrasca. O que vale é que não ficou muito frio. O dia de trabalho tinha sido longo e com direito a complemento nocturno.

Foi encharcado até aos ossos que cheguei ao carro no parque da fábrica. Estava doido para ir para casa. A chuva não dava tréguas e os relâmpagos faziam, por momentos, da noite dia..

Arranco e ligo a música. Os meus “CDs de vários” estão cada vez mais repetitivos. Volto para o FM. Na Antena 3 sou recebido pelo grande António Freitas e o seu “Alta Tensão”. Lembra-me que já passa bem da uma da manhã.

Estranhamente começo a sentir-me confortável com as descargas de dupla pedaleira e vozes demoníacas do heavy metal. 15 minutos depois estou a estacionar em casa. Paro o carro, os vidros embaciam. Lá fora continua a chuva grossa, à tropical e grande trovoada. Ainda não mudei de programa. Estou a gostar das músicas pesadas, deixo-me estar mais a ouvir mais duas no carro.

Um consciente “vai dormir pá!!!” atravessa-me a mente. Saio do carro, vou para casa estupefacto: tenho 28 a caminho dos 29, estou um homenzinho, não devia era estar seduzido pela Diana Krall e pela Adriana Calcanhoto...agora heavy metal.

Ah, é verdade: feliz 300º post no Fisterra...

sexta-feira, julho 14, 2006

Arrebanhanço à Tuga!

segunda-feira, julho 10, 2006

O cinema belo...

O senhor Terrence Malick em trinta e tal anos de carreira só fez 5 filmes...tem estatuto de mito com culto associado e tal.

Só tinha visto o "The Thin Red Line" de 1998 que é para mim um dos melhores filmes a que assisti. Dos filmes de guerra é definitivamente o meu favorito. Surpreendente, sensível e belo, muito belo.
Ontem fui ver o "The New World". Desta vez a história não tinha surpresas, por que já tinha visto a versão da Disney, eheh, ou seja o filme da Pocahontas. Mas este filme, totalmente gravado com luz natural, sem artifícios é...vou-me repetir, belo, muito, muito, belo...
Assim dá gosto ir ao cinema.

terça-feira, julho 04, 2006

Humanidades...

A minha amiga do babyblog evoluiu para a ficção (?). Apesar do estilo dos seus contos não ser exactamente o meu cup of tea, confesso que fiquei contente por ela e fiquei a gostar dela mais um pouco. Sinto-a mais humana.

Gosto de pensar que quem se expressa de vez em quando por vias criativas (não vou dizer artísticas, porque senão empalavam-me já aqui à moda do Vlad Dracul) se torna mais acessível aos outros, menos frio, mais humano...já o disse. Sem menosprezar claro quem, por todas as mais válidas razões deste mundo ou de outro, não o faz.

Para mim não há formas menores de o fazer. Um meu colega de trabalho coloca o humor de serviço, raramente a destempo e de estilo bastante personalizado. Torna à volta dele os dias mais suportáveis.

No Psil ganhou-se um capitão destemido e ficou na sombra um grande músico e, não sei se ele se lembra mas, um original contador de histórias e até a me tirar um retrato a carvão se safou bem...por duas vezes.

A economia da saúde fez-nos perder, no caso do Jq, um frontman perfeito para uma banda de covers dos Bauhaus e Peter Murphy, um letrista inveterado para bandas liceais imaginárias ou reais. E o bicho também tem muito jeito para a fotografia...analógica claro.

Não quero pensar que a minha vida é marcada, descrita ou cronologicamente dividida por feitos e desastres académicos e pela aplicação diária do meu engenho no tecido produtivo nacional, eheh...

De facto ela pode ser marcada pelas patéticas tentativas de deitar a minha criatividade cá para fora (NDR: a existência de tal criatividade dentro do JAF está por provar em meios científicos idóneos) que aconteceram ao longo da minha vida.

Por outro lado, após 15 de meses de blog, acho que vocês já tem estômago para aguentar isto...

Pré-adolescência, ou idade da parvalheira: Aí eu era o génio criativo por detrás da FMC – Ferreira Motor Company...Criei dezenas de modelos 2D a lápis (sempre de vista lateral), porque a minha triste falta de pulso não dava para mais. Ainda hoje se me perguntarem qual a profissão que gostaria de ter, eu responderia sem reservas e sem dúvidas: designer automóvel. Por gostar tanto daquilo é que sabia perfeitamente que não tinha sido abençoado com aquela arte e mais valia partir os rins ao sonho. Quem não acredita atente ao exemplo abaixo.


Late Adolescência, Early Vintes: as letras para o mundo pop. Havia sempre uma banda imaginária por perto, saudosos The Goggles, e se, por intervenção divina conjugada de Alá, Buda, Jesus Cristo e Geová, eu conseguise finalmente tocar na guitarra mais de três acordes, seriam sempre precisas letras. Em inglês claro... o gosto era duvidoso. Quem não acredita atente ao exemplo abaixo.

Dive

I dive
And right away
I’m falling into the depths
of your gaze
That after all is my gravity

Freeze my wings
And break this little dream
Of flying once more
Blindfolded

The first step could be strong
It brings a lullaby to sing along
And even though my arms aren’t ready yet
I meet the stranger there is to be met

Freeze my wings
And break my little dream
Of flying once more
Blindfolded


Early Vintes to Middle Vintes: a prosa. Era na altura chefe de escuteiros, nem sempre havia tempo para referências literárias de verdade para os putos. Improvisava-se e de qualquer maneira um gajo não é um chefe de escuteiros decente se não puser um pensamentos pirosos no papel. Líderes de amanhã, diziam eles... Quem não acredita atente ao exemplo abaixo.

"Parti em busca do meu Norte, procurei sempre os pequenos confortos. Acendi uma fogueira e um cigarro, mas desvaneceram como amigos. Então surgiu uma pergunta: onde estão os meus sentidos?...nas folhas quebradiças de muitos Outonos?...na madeira sêca de velhas árvores?...nas intermináveis voltas de um trilho numa encosta?

Trepei por ali acima para conseguir ver tudo. Olhei para baixo. O pequeno tamanho das coisas realça-lhes a verdade, confirmam que existem. Fiz uso de todos os meus resguardos, mas logo arrefeci, é que este frio vinha de dentro. Então repetiu-se a pergunta: onde estão os meus sentidos?...no mar quebrado de um horizonte azul-cinzento?...na dor de um olhar profundo?...em achar-me perdido numa viagem solitária?
Distraidamente, pus-me novamente a caminho. Reconfortava-me, a certeza daquela confusa sucessão de passos..."

Middle Vintes: a música e o alter-ego. Tinha estado numa banda de verdade. Estava lá para carregar nos botões do computador que substituia o baterista e para mandar bocas.A intervenção divina conjugada ainda não se tinha materializado, não sabia tocar guitarra. Há quem diga que eu era A cola da banda, há quem diga que eu era O cola da banda. De Bleu Pluie a MUNN, foi uma viagem partilhada com quatro artistas de verdade.

A banda acabou, ficou o bichinho pela música no computador. Aprendi o pilhar e o corta-e-cola digital. Nasceu o alter-ego Ill Iguana. Há uns tempos resumi todo o barulho que fiz em 6 anos num CD. Um dia quanto tiver banda larga, ponho as músicas em MP3 no “Baú do JAF” aí ao lado. Também fiz umas capas foleiras. Quem não acredita atente ao exemplo abaixo.

Late Vintes ou agora: a foto digital.Uma amiga disse-me uma vez que eu fotografava com sensibilidade e eu já ando todo insuflado. No domingo dei por mim a fotografar os feijões, pêssegos e as ameixas que a mãe tinha colhido no retiro do campo. E a registar para a posteridade o pai a martelar o alho nos lombinhos de porco. Deves pensar que és artista, deves. A mania actual é esta mesmo. Bate na madeira. Quem não acredita atente ao exemplo abaixo.


Se sobreviveram até agora, eis o golpe de misericórdia: fiz a letra e o Psil a música, (desculpa ser bufo, pá) do hino do meu agrupamento de escuteiros. Mas esse sim, tenho mesmo pudor de publicar. Quem não acredita...não acredita!!!

Ah e há aqui o tasco, o blog, pois claro...

"My Adidas"...

...algures na década de 80 quando passava o video do “Walk this way” dos Run DMC no Top Disco, invejava aquelas sapatilhas sem atacadores que batiam o ritmo da música nas escadas…

Algures neste século elas materializaram-se nos meus pés (e com atacadores), primeiro em branco, agora em preto…

Houve malta que gostou da foto das sapas para o concurso de “Black and White”. Aqui ficam outras tentativas feitas na altura…



Ps: O título é de outra música dos Run DMC.