quarta-feira, novembro 30, 2005

O crédito por telefone

Dado que os tempos são de (pré-)campanha eleitoral, e como estava a chegar ao Largo do Rato, ainda pensei que se tratasse de alguma “iniciativa”. O gosto continuaria a ser duvidoso, mas eu começo a acreditar em tudo. Tive as horas de sono necessárias, pelo que não me posso queixar de alucinações.
Um casal de malta jovem, naquela de ganhar uns trocos (tudo bem). A ideia é que me pareceu...bem...nem sei o quê... Quando o semáforo para os peões virava para o verde, vinham os dois para o meio da passadeira, com uma t-shirt da marca em questão por cima da roupa normal, boné e cada um com uma bandeira. Ficavam a acená-las (assim, do género, claque de futebol) até o semáforo voltar ao vermelho...
Curioso o esforço que precisei fazer para perceber de que marca se tratava.
O problema deve ser meu. E, nesse caso, venha o feriado, se fizer favor.
Lx

sábado, novembro 26, 2005

Twilight Zone: a vingança...

Hoje fui a Penela.

Não resisti, para a bancada da cozinha comprei o "Silestone", cor "Blanco Capri", aquela que custava o dobro do granitozinho...

Almocei por debaixo do castelo, como hoje o dia alternava entre a borrasca e o sol forte, a serra de Sicó estava muito bonita.

Não se perdeu o dia, portanto...

sexta-feira, novembro 25, 2005

Dose Dupla...

...quase que se pode dizer. Ontem fui ver a nova versão do “Crime do Padre Amaro”. Estava à procura de inspiração bloguística, ‘tão a ver.

Como diz um dos poucos leitores deste blog, o filme “não vale um tortumêlo”...logo é natural que seja a estreia mais auspiciosa do cinema português. Os grunhos da sala adoraram, não se calaram o tempo todo com bocas do género “...saio daqui, vou já pró seminário!” ou “...o gajo é padre, mas não sabe a posição do missionário!” ou ainda o eloquente, mas original ”...dasse, ganda par de...”. Mas, neste último caso, tenho mesmo de concordar com jovem grunho...

Há uns meses aluguei a versão mexicana e gostei muito.

Se querem ver uma adaptação que torna o romance do Eça, numa história verosímil do séc.XX, vejam o mexicano.

Se querem ver uma porno-chachada com tiques de “Zona J”, vejam este. Devo informar que neste caso quem “mórrréo” foi o Kim Bé e não o Pantera...

Se querem ver um filme com actores a sério, vejam o mexicano.

Se querem ver uma mistura de modelos com problemas de dicção, ex-Morangos, actores consagrados a garantir cachet fácil (porque também têm de comer) e o Unas com esteróides, vejam este.

Se querem um filme onde se demonstra que ser padre é ser humano, vejam o mexicano.

Se querem ver uma vingançazeca reprimida sobre a Igreja Católica à custa de estereótipos fáceis, vejam este.

Se querem ver os corpos fenomenais das paroquianas que desviam o sacerdote, vejam os dois. Devo esclarecer que mesmo assim prefiro a mexicana. Gira a sério, não deste género ”sou muito boa, ‘tá?”.

Se estão mesmo interessados na história façam como eu, que quero ver se arranjo o livro.

Ps: Confesso que gostei de ver o Pedro Granger a fazer de jornalista agarrado à coca, não sei porquê, acho-o perfeito para o papel.

Crónica do Racional: "Karma’s a bitch!"

Embora tenha genuína pena do 0-0 do Benfica, ante-ontem, após 2 dias de formação na cidade dos Templários, apetecia-me gozar com facto do Koeman ter inventado uma nova tática que fez rebolar o inventor do “catennacio” de inveja: o inédito 6-2-1-1.

Esta inovadora tática podemos denominar de “Pinheiro de Natal”ou de “Mário Wilson Invertido Encarpado”...enfim, não sei porque o Benfica foi jogar para não perder, afinal jogava em casa, ou melhor “sur maison”...pois é, o Benfica foi a primeira equipa da história da Champions a ter 4 jogos em casa na fase de grupos.

Cumprindo-se a actividade nocturna favorita do bairro de St.Denis-sur-Seine, onde fica o Stade de France (vão ao Google Earth?), o pinheiro do Benfica, como muitas “banholes” do bairro, ardeu à custa duns magrebinos e senegaleses...ok, esta foi baixa...bom, o estádio estava mesmo cheio se chamassem o Guiness Book, de certeza que três recordes caíam: “Maior concentração de tipos com bigode”, “Maior concentração de casacos de napa” e finalmente “Maior concentração de gajos que trocam os “esses” por “xises””.

Queria também elogiar o golaço do meu estimado Lisandro, queria enaltecer a qualidade do tango azul-e-branco, mas os tipos lá se deixaram empatar infantilmente e é o quase-adeus europeu...o karma fez-se pagar 24 horas...

Como assisti à desgraçada partida na zona de restauração do hipermecado com nome de avião com nome de elefante, no intervalo fui passear à zona dos CDs, desenterrei daquelas cestas de liquidação o da menina Kelis por €4,90...a música ainda não ouvi toda, mas a capa é gira, na contra-capa a menina é servida num “sundae”, ao abrir o booklet encontro isto:


Bravo!!! Que se dane a música, os €4,90 já valeram a pena.

Ps: Ela, a Kelis, não coube toda no scanner. Sacrifiquei o braço esquerdo em favor das pernas. Penso que fiz bem.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Cabeças no ar

É muito complicado dizer-se em voz alta que este é um país pobre de espírito, sem nos caírem em cima todos e mais alguns, aos gritos desalmados e em uníssono “Somos os melhores do Mundo!”.Mas ainda ninguém leu estudo nenhum, nem tem uma ideia clara do que quer para a intervenção do Estado no apoio ao desenvolvimento do país, do que é que será então melhor fazer para dar a volta ao tão propalado défice (que por acaso até são défices), e já está tudo com umas certezas comoventes em relação à necessidade ou não do novo aeroporto.
E eu já estou farto de ouvir falar da porcaria das pistas de aterragem, dos hangares, dos centros ibéricos e de camandros afins.

Não é boa ideia estar farto quando se trata de perceber se me vão continuar a ir ao bolso, de forma leviana, a aumentarem taxas, impostos directos e indirectos, a venderem o que não devem e a quem não devem. Por isso vou deixar aqui a laracha habitual. Tenho dúvidas, e antes que continuem com as gritarias, podiam era esclarecer-me.

Quanto custa o aeroporto?

Qual é a parte financiada pela União Europeia?

Porque é que há apenas alguns anos o João Soares era o único a favor da manutenção do antigo aeroporto e agora, qualquer Luís Delgado de vão de escada, já vomita que isto é um erro?
(É que as Finanças Públicas não pioraram assim tanto, já estavam mal).

É só para copiar a estratégia (que tão bons resultados deu...) seguida com a Expo98, e o campeonato da Europa de futebol e a ponte Vasco da Gama, de se conseguirem ganhos de especulação imobiliária (apenas ao alcance de muito poucos), com um contributo artificial e insustentável sobre o aumento do PIB português?

Inviabiliza, por sugar excessivos esforços e verbas públicas, outro tipo de apostas/programas/estratégias como a melhoria do sistema de ensino público ou um plano tecnológico (que também ninguém ainda concretizou)?

Quem fez a $#%&= dos estudos é quem vai financiar o projecto?

Quem são, afinal, os donos da porcaria dos terrenos que, qualquer dia, até o emplastro e o Abrunhosa já os tinham comprado em 1997?

E os estudos? Que conclusões é que afinal têm? Em que parâmetros é que basearam? Previram quebras de tráfego devido ao “clima” económico de recessão? E possíveis aumentos? Que impacto é que isto pode ou não ter no turismo?

O aeroporto da Portela? Sempre se vai eclipsar no meio dos prédios, dos triliões de passageiros que vêem para aí em 2025 com a consequente ruína para imagem de Portugal no estrangeiro, para a Nossa Senhora de Fátima e o Euromilhões?

A Ota só é um mau local para os autarcas dos outros locais entretanto excluídos? E pode ser alargado mais tarde?

Estas são, por agora, as dúvidas que me assaltam. Se em vez do chinfrim, pobre de espírito (na minha humilde opinião), me conseguirem esclarecer; talvez nos seja possível, enquanto civilização, tomar uma decisão.
Boa, má, mais ou menos, o tempo o dirá. Mas em consciência, em menos tempo e sem esta fútil auto-flagelação de quem não sabe o que raio quer da vida.
Eu cá já disse, não sei. E quase que já não quero saber.
Lx

PS – Parece-me que talvez ande um pouco brusco.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Crónica do Racional: afundado na maré verde...

Ontem foi a minha estreia no José Bento Pessoa, que é, para quem não sabe, o estádio onde joga a Associação Naval 1º de Maio, clube promovido este ano à Superliga. È verdade: vivo há 28 anos na Figueira da Foz e só ontem entrei naquele estádio.

Munidos com os bilhetes gentilmente oferecidos a um amigo meu e com um saco de castanhas que sobraram do almoço, eu e ele, o amigo, lá nos dirigimos para os nossos lugares marcados na Central Coberta, a 10 minutos do apito inicial marcado para as 16 horas. Erro crasso, porque logo descobrimos que ali se mandam os lugares marcados às urtigas e quem chega primeiro fica mais acima. Assim, ficámos atrás do banco da Naval, na 3a fila, o que equivale a dizer que o nosso campo de visão estava ligeiramente acima da careca do Cajuda e que se a ameaça de borrasca se confirmasse não me livrava de ir encharcado e gelado para casa...e dava para sentir o cheiro da relva, dava mesmo...

Tínhamos a 10 metros as colunas do sistema sonoro do estádio que elevava a poluição sonora a níveis só experimentados em pistas de carrinhos de choque. Isto era verdade tanto em termos da qualidade das escolhas musicais, como a nível da quantidade de décibeis propriamente dita...Primeira surpresa da tarde, o speaker anuncia:
“Quero ver todos juntos a cantar esta música em honra à nossa Naval!!!”
...e quando eu já procurava em partes obscuras do meu disco rígido a lembrança do hino da Naval, eis que começo a ouvir:
“És tão boa, és tão boa...”...suspiro resignado e fico com a imagem daquele tipo, o Herman descolorado, o autor deste belo queijo da serra sonoro, que para mim, ao longo dos anos, passou de bestial (genial mesmo) a besta (grande besta mesmo)...nesta altura é que descubro que a malta sentada atrás de mim num raio de 10 metros é sócia/simpatizante do Vitória, o de Setúbal, o nosso adversário do dia. Eles também trajam de verde e branco, os cachecóis ao longe parecem todos iguais. Trauteiam o “Parabéns a você”, o aniversariante é o Vitória. Parabéns ao Vitória.

Antes do jogo ainda dou uma olhada à moldura humana, ou melhor, à falta dela...continuo a não perceber como é que um clube destes se financia, o drama dos salários em atraso do Setúbal não custa nada a acreditar...não devemos ser mais de 500, cerca de 10% da lotação: Central Coberta a meio gás e três manchas de 50 tipos cada, são as claques: “Squadra Verde” e “Colectivo Maravilhas” pela Naval, “VIII Exército” e “Furacões Sadinos” pelo Vitória, prefazendo no total 5 bombos no estádio, se contarmos com a tuna da Universidade Internacional que está na Central Coberta, representada por meia-dúzia de gajos em calções à laia de bardos renascentistas...o nome “Colectivo Maravilhas” dava para outro post à parte, mas hoje não. O tempo está fresco, a ameaça de chuva é iminente, disse a brincar ao meu pai que devia levar as calças do snowboard para o jogo, agora já não me parece descabido.

Admiro a diluição de barreiras sociais que o futebol proporciona, pelo menos em clubes pequenos, com estádios pequenos...tome-se a fábrica onde trabalho e os seus cerca de 850 trabalhadores como exemplo, na mesma bancada, a gelar os rabos da mesma maneira, estão ali directores de produção, chefes de departamento, engenheiros de processo, técnicos comerciais, operadores fabris e outros. Noutra dimensão vê-se que convive também, no mesmo espaço, o pessoal do “tunning” com a “corujada” fã dos The Cure dos anos 80, trajando uma indumentária particular: Doc Martens nos pés, roupa preta, um sobretudo, mas bóné verde, da Naval...

Começa o jogo, apercebo-me rapidamente que pouco ou nada vou ver do jogo a não ser as jogadas que aconteçam do meu lado do campo. Não me entusiasmo muito, a toada nas bancadas também é muito morna. Os jogadores parecem-me todos altos, as faltas mais duras. Não sei como é que os treinadores conseguem analisar o jogo a partir do relvado. Em Inglaterra os bancos são elevados e ficam no meio da bancada, já percebi a razão.

A Naval equilibrou o jogo na primeira parte, na segunda nem por isso, já com a noite a descer e holofotes ligados, o tio Norton faz duas substituições de uma vez só e eis que um dos suplentes marca logo, é o 1-0 forasteiro. A Figueira da Foz e Setúbal são terras de gente trabalhadora e muito ligada ao mar, logo o vernáculo não fica nada a perder em relação à aquele que ouvi no Dragão...as considerações sobre a mãe do Cajuda, ou sobre a cor da pele do trinco do Setúbal, ganham outra intensidade quando proferidas por uma peixeira com uma rouquidão septuagenária...Entra o muy admirado Fogaça para ver se dá a volta ao jogo, mas a nabice nas bolas paradas continua e acabamos por levar 3 secos. Ao 2-0 é a debandada geral, especialmente daquele tipo de adeptos/sócios coléricos e cáusticos, que só estão bem a dizer mal de tudo e todos, o tipo de gajos que acredita e jura a pés juntos que “...o Mourinho tem mas é sorte, que não percebe nada disto...”. O Cajuda já está mais que habituado, não reage aos impropérios. O presidente da Naval com o seu chapéu de cowboy é que ninguém insulta. A Naval não jogou assim tão mal, penso que lhe faltaram mais africanos como os do Vitória. Ficámos até ao fim do espectáculo. Há que ter respeito pelos artistas.

Não estou muito triste, a minha simpatia pelo clube resume-se à comunhão de origens, no Naval-FCPorto, sofri pelos de azul e branco. Para além disso, fui atleta de natação do clube rival, mas a rivalidade está no basquetebol, que a par do remo, é o desporto querido dos figueirenses...

Agradeço o bilhete ao meu amigo, estou gelado, desta vez ir ao futebol não me soube tão bem. Entre um jogo da Liga dos Campeões no Estádio do Dragão e um jogo de luta de meio da tabela de um clube infra-regional com um estádio sem condições, permeia a distancia entre o céu e a terra, ou mais do que isso...não me parece que isto de ir ao futebol aqui na Figueira se torne um hábito...

Descongelo no “franchise” da moda, juntando o prazer culpado de um crepe com bananas e gelado de morango regado com chocolate quente com a necessidade de por a conversa em dia...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Twilight Zone...

...eu entrei nela ontem às 18h30. Tentei estudar a lição, mas...

Depois de carregar um holofote 3 andares, porque já era de noite, começa o jogo:

JAF: ”...Vamos então tratar da cozinha?”
HDC (HOMEM DA COZINHA): ”Sim, claro posso-lhe mostrar os eléctrodomésticos...tudo encastrado...de primeira!”
JAF: ”Pois e em termos de poupança de energia?”
HDC: “Louça AAA, Roupa B, Frigorífico Combinado A...”
JAF: ”Pois e a marca?...é como se fosse Bosch...mas não é, pois não?...tipo marca branca...garante a qualidade, ok...O forno tem turbo?”
HDC: ”Claro, esta marca até tem este novos fornos com abertura em compasso horizontal!”
JAF: ”Pois, mas o meu não tem, pois não?...não tem...mas quero uma placa vitro-cerâmica para fogão, que sou eu que a limpo...pago à parte?...tá bem...Mostre lá as madeiras que tem aí...O que é isso?”
HDC: “Faia Vaporizada, Wengué e Pinho Laminado. O Wengué, esta aqui mais escura, está a sair muito...mas para este prédio vamos para a Faia...”
JAF: ”Não sei se vamos...não tem aí um catálogo com cozinhas já montadas...só tem uma?...mostre lá...sim, gosto dessa com duas cores, que madeiras são essas?”
HDC: ”Em cima Faia, em baixo Wanka-Wanka.”
JAF: ”Desculpe, o Sr. disse Wanka-Wanka?...disse, ah...é um Wengé mais escuro...entendo... e estes caixilhos em inox?”
HDC: ”Se quiser caixilhos em inox para as portas superiores basculantes de compasso vertical, tem de pagar à parte...”
JAF: ”Quanto?...ok, ponha lá isso...e a pedra da bancada?
HDC: ”Isso é com este senhor...Obrigado, ficamos assim então.”
HDP (HOMEM DA PEDRA):”Boa tarde...olhe, já estive aqui a admirar o pantone dos seu azulejos...”
JAF: ”Desculpe, o Sr. esteve o quê?...ah, a cor...talvez não dê com o granito?...o que é que estava previsto? Quais são as alternativas?
HDP: ”Granito...sabe o mármore está out, o inox mancha muito, existem agora bancadas de vanguarda em vidro termo-resistente, material-de-topo...muito topo-de-gama, muito caro, está a ver?...o que está a sair é o Slitstone...
JAF: ”Desculpe, Slitstone?...ah, é um aglomerado mineral...mais resistente e anti-bacteriano...bom, isso já não sei...quanto custa?
HDP: ”Sensivelmente, o dobro do que granitozinho custa, mas pode escolher a cor que quer...”
MDJAF (MÃE DO JAF): ”Isso é bom filho, tendo em conta que o teu chão é verde...”
JAF: ”Mãe, o meu chão não é verde. É cinza acastanhado...o quê? não, não é verde...estás daltónica. Ouça, tem um catálogo?...não...então como é que quer que eu escolha?”
HDP: ”Tente visualizar...”
JAF: ”Eu não estou a visualizar nada, até porque já levaram o raio do holofote para a casa do vizinho...uma visita à fábrica? Em Penela...ok, eu telefono. Como se chama a empresa?”
HDP: ”Penemar...”mar” de mármore e “pene” de...”
JAF: ”Já percebi...”
MDJAF: ”Mas, desculpe...porque é que o mármore já não se usa? Eu gosto tanto...”
HDP: ”Minha senhora, são as novas tendências...mas se gosta...porque não usa? Eu não me atrevo a discordar da escolha dos clientes. Se por exemplo um cliente me pede opinião para uma aplicação num João Rolo, eu não me atrevo a...”
JAF: ”Desculpe, num quê? João Rolo...o designer de móveis caríssimos?...ok, boa tarde e obrigado. Sim, eu telefono.”

Já cá em baixo, na rua...

JAF: ”Mãe, leva tu o carro, estou extenuado...em estado de choque.”
MDJAF: ”Não posso, não trouxe os óculos...mas olha que o teu chão é verde...”
Ti-ri-ri-ri, Ri-ri-ri-ri... Ti-ri-ri-ri, Ri-ri-ri-ri...

Parafraseando outro post mais antigo, quando um dia for um amigo lá a casa o diálogo será este:
ADJAF (AMIGO DO JAF):“...então e o Plasma de 107 cm para jogar PES5?”
JAF:”...eh pá, isso não deu...mas tens que ir à cozinha ver a graça que o Slitstone verde deu ás gavetas em Wanka-Wanka!!!”

terça-feira, novembro 15, 2005

"Björkite"

E a questão, até agora, tem sido que quase só me apetece ouvir Björk. E, curiosamente, sou heterossexual.
Aí o distinto colega desencantou um DVD que não me larga. Estou com "Björkite". Às vezes sou um bocado para o chato (talvez só me conheçam do “às vezes”, mas vamos assumir que foi azar), se gosto da música, não gosto do palco. Se gosto do palco, não gosto dos acompanhantes. Ou do alinhamento. Ou das cores, do folclore, do não sei quê. Com este lixaram-me. Gosto de tudo. Até dos “pregos” (é a versão de “Human Behaviour” mais agradável que conheço). E do baterista sob o efeito Vodu.
OK, falta o “Unravel”, mas como ainda não desisti da ideia de a ver ao vivo, também não posso ter já tudo (esta foi outra que também já escapou). E a senhora que venha. Apetece-me dançar isto e não conheço as "disconights" que o tornam possível (o que é positivo, para vergonhas, já bastam as inevitáveis). Num concerto talvez passasse mais despercebido.
Björk pá, parece-me que, no essencial, és um bocadito maluquinha; mas hoje estou naqueles dias, em que isso até me parece um sinal de lucidez. E ainda que te vá continuar a referir nos posts seguintes, vê lá se com este me dás algum descanso.
Lx

PS – Evidentemente, esta é mais uma velharia (nada de novo por aqui). Para os puristas do som 5.1 este concerto não é uma boa opção. O sítio, com letras e tudo. A foto foi gamada na net, mas não sei bem de onde.

"soul storm"

Há aqueles dias em que parece que toda a gente à nossa volta nasceu com um único e extremamente ensaiado propósito: orientar toda a sua actuação para nos desarranjarem mentalmente. Nestas alturas, qualquer opção é duvidosa. Acho que hoje tentei várias, com igual sucesso. Apetecia-me decretar férias gerais.
Este veio cá ontem, e na rádio habitual fartaram-se de passar esta malha. É boa, era mesmo isto. Escapou desta vez, o malandro, mas para a próxima talvez o apanhe. É que eu estou a ouvir isto e só me ocorre que… é uma grande malha.
Lx
PS - Foto do sítio oficial aí do rapaz. Como o título.

Presidenciais III - "A ameaça fantasma"

O momento mais aguardado...
Lx

sexta-feira, novembro 11, 2005

“Ho happy day!”

É sempre agradável voltar a reencontrar uma cara amiga, e esta história de grupos de gospel sempre me fascinou. Sou agnóstico contudo, contagiam-me os entusiasmos de alegria, o “poderio vocal”, aquela atitude, quase de desafio. Claro que dispensava os “Gritem comigo: Jesus ama-nos”; mas é sempre complicado subscrever gostos a 100%.
Foi também engraçado ver uma mistura de brancos e negros em palco (nunca me foi confortável dizer pretos). A cara conhecida é imigrante. E negra. Acabou cá um curso e ainda não sabe se vai voltar. Pareceu-me integrado, pela forma como cantava. O que me remete hoje para um assunto que me tem andado a incomodar.
Já tinha tentado começar a escrever sobre ele, assim:
“O que se passa em França é tudo menos de fácil análise. Tenho visto (e lido) alguns dos muitos comentários que têm sido feitos e a facilidade de com que se tiram algumas conclusões assustam-me. E assustam-me as posições do Ministro do Interior Sarkozy (personagem que eu desconhecia por completo). A última deste é expatriar todos os imigrantes envolvidos nos tumultos, ainda que legais e com autorização permanente de residência.”
Bazófias à parte, vinha aqui só registar que ontem clareei significativamente o meu espírito acerca de algumas questões relacionadas com a imigração. E não foi preciso aumentar o meu glossário de esquerdalhices.
Não costumo ler imprensa francesa e acho que se deve ler com cuidado a informação em segunda mão da portuguesa. Mas vi na televisão o senhor Sarkozy explicar que quem incendeia e rouba é criminoso (não que o meu francês seja grande espingarda, o dele é que também não foi propriamente erudito, comunicação simples e eficaz).
Já agora, eu ajudo-o, quem viola e lava dinheiro também. Eu nunca chegarei a Ministro do Interior Francês e também já tinha percebido isto. Sozinho (ou quase, vá lá).
Mas no que a sua superior inteligência me poderia auxiliar (e eu agradeço, porque não percebi ainda como é que estas coisas se podem resolver) era como é que partir para declarações em que se apelidam concidadãos (como os filhos de imigrantes, já com nacionalidade Francesa) de escumalha, apenas por residirem em subúrbios pobres de Paris (caso contrário deveria ter tido o cuidado de separar os criminosos dos restantes residentes no seu discurso, a não ser que considere todos criminosos) o ajudariam a melhorar o clima de guerra social que existe em França, se ele conseguisse chegar a Presidente Francês (pelos visto, o seu legítimo desejo).
Só porque ele acha que tem lindos olhos e discurso de homem forte? Consta que exclusão social construída em 30 anos (de crescimento económico) não se resolve em 4 ou 8 anos (de recessão) apenas com discursos musculados. De esquerda ou de direita. E o problema do dele não é ser de direita. É ser errado.
Lx

PS – Ainda me estou aqui a rir com uma do Inimigo Público de hoje. Eu sei que é plágio, mas “Portugal envia um Canadair”...
O título.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Fisterra em Análise: crescimento?

Clientela parca e extremamente regular até Setembro. A partir daí um pequeno crescimento. Será a propalada retoma?

O sol, porque a vida anda cinzenta...

...em três versões de produção caseira:

O fisterra ao pé de casa: Cabo Mondego, Figueira da Foz , Portugal.

Olhando para as montanhas do Liechtenstein a partir de Frümsen, Suíça.

Ao largo da ilha de Hvar, a caminho do estreito de Korcula, Croácia.

Aí, tou ligado, Maria José!!!


Ponto prévio: Deverão existir mais pessoas à minha direita do que à minha esquerda.

Constatação: Eu gosto muito de ouvir a Maria José, concordo muitas vezes com as análises que faz, admiro a forma pausada e articulada como expõe as ideias. Posso estar enganado, mas parece-me que está na política por serviço público.

De certo que me arranjarão dezenas de trancrições das suas intervenções na AR enquanto líder parlamentar dos CDS-PP que me envergonharão. É natural, não comungo das posições do seu partido, tenho ódios de estimação, não, é desprezo mesmo, por figuras da sua bancada, a saber: Nuno Melo, aquele puto da JP cujo único currículo foi ter sido líder da Fúria Azul (claque do Belenenses) e huumm...ah, o Paulo Portas...

Não se trata de simpatia como aquela que tenho pelo Narana Coissoró, aí trata-se da onda étnica e da fonética irresistível do seu nome. Não, eu gosto mesmo dela...da Maria José, não gosto da sua irmã, a Maria João (Avillez)...é muito altiva...

É engraçado ver que o seu frente-a-frente semanal (dela, da Maria José) na SIC-Notícias com alguém tão insuspeito quanto o Saldanha Sanches, às vezes se torna num desvelo de consensos que nem o Mário Crespo consegue separar.

Ontem a discussão, partindo dos motins franceses, veio parar ao tipo de imigração que nós temos e política de integração (ou ausência dela) correspondente. Ela afirmou:
“...compreendo que os imigrantes venham suprir os postos de trabalhos que os portugueses não querem, na construção por exemplo, sem condições sociais de qualquer espécie...Agora atente-se ao fenómeno da imigração brasileira, eles vêm ocupar lugares atrás dos balcões de lojas e cafés, servem à mesa em restaurantes, custa-me pagar impostos para que haja subsídio de desemprego para pessoas que se recusam a servir à mesa...”

Desculpem-me, mas eu sinto o mesmo, não em venham contrariar com os argumentos esquerdalhos, porque os conheço a todos e mais alguns, concordo com a maioria deles...eu disse que sentia o mesmo, não disse que pensei racionalmente no assunto...

Não deixa é de ser sintomático que a primeira cliente do micro-crédito lançado pelo MilleniumBCP tenha sido brasileira. Ao ser entrevistada revelou:
“Após 3 anos a trabalhar num café, penso que já aprendi o que preciso nesta actividade. Chegou a altura de tentar pegar a minha vida de volta, vou abrir o meu estabelecimento, é esse o meu sonho...”

Não defendo a medida “orwelliana” da prisão domiciliária de 2 horas por dia para os subsidiários, mas isto dá que pensar, não?

terça-feira, novembro 08, 2005

Textos, leva-os o vento

Tinha que ler o texto. Aliás, tinha que fazer mais que isso, mas tem-se-me instalado uma preguiça avassaladora e o “é até hoje” tem resvalado para o “é até amanhã” (às vezes até para o “aquele abraço”...). Deve ser o frio (tenho estado aqui a pensar numa boa desculpa, e quando esta é a melhor...). O texto fazia-me lembrar aqueles prosas dos tipos de Gestão: muito senso comum e pouco substrato; que as pessoas sofrem cada vez mais de “hurry sickness”. Pois, está bem, ó rouxinol. E que as novas tecnologias só servem para agudizar este sentimento, os telemóveis, os emails, os... (nisto toca o telemóvel: “Os dados do BI?” “Está bem, o nº é o ...”). Bem, voltando ao texto; que as pessoas, mesmo quando não têm pressa, acabam por andar sempre a correr de um lado para o outro e... (“Uhhoooo! Phonix!”; 2 idosas saem disparadas, tropeçam uma na outra e ficam em forma de teia de aranha presas na campainha do corrimão do “6”. Este motorista é dos bons, acelera na descida da “Conde do Redondo”, que é para fazer aquela travagem mais rasgadinha na paragem da curva).
Bom, estava numa daquelas manhãs pouco contemplativas e não me apetecia sequer ouvir rádio. Assim que o autocarro parou, consegui ultrapassar toda a gente, subir as escadas das “Francesinhas” a correr, apanhar o elevador (que se estava quase, quase a fechar), confirmar se já tinha recebido resposta ao sacana do email que tinha enviado ontem acerca da inscrição (que não há meio daqueles palermas me responderem); e aproveitar aqueles primeiros cinco minutos, enquanto ainda não chegou ninguém, para despachar o post do Bento, que este fim de semana até ganhámos e não há meio de o acabar.
Se os artistas que fazem estes textos fossem mas é trabalhar...
Lx

Fé no Bento

Estava eu para começar a comentar com um dos convivas que o ambiente estava (mais uma vez) demasiado morno, com o público indiferente aos gritos de apoio iniciados pela louraça de serviço, quando após a pose para a fotografia a equipa cumprimentou o público com um aplauso. Nessa altura tive de me calar, porque a ovação foi unânime. A comunicação parecia ter sido do género: “Podem contar connosco, se não se meterem com a palermices dos últimos tempos”.
Finalmente, começou-se bem em Alvalade. Diria mesmo que estranhamente bem, porque de alterações relevantes registo apenas o regresso do Rogério. Que até é relevante, mas não explica porque é que toda a gente começou, de repente, a correr. Livre, “É melhor ser o Tello”, explico eu. É o Beto, e é golo. Bom golo. Aplausos e alguma tranquilidade. O público parecia confirmar as tréguas, a equipa parecia merecê-las.
Claro que estou a descrever o ambiente de uma forma geral. O meu condão para atrair excepções mantém-se intacto. Um velhote ao meu lado continuava estoicamente a combater a hipotética aproximação de um bom clima; se o Ricardo estava adiantado “Ai Jesus, lá vai ele, chega-te para trás, ó palhaço!”; se o Nani não tinha a quem passar a bola e a segurava (bem, diria eu): “Este miúdo agarra-se demasiado à bola, mimado, pá!”; se o Liedson caía porque alguém lhe fazia falta (sem que o árbitro a marcasse): “É sempre a mesma %#”=€! Isto brasileiros, já se sabe!”.
Bem, depois veio um falhanço do Nani (“Que não se repita!” – esta fui eu) e o tal lance, que no estádio não consegui perceber bem, mas como tenho televisão em casa, já sei que foi mesmo golo (mesmo antes de ver o lance já tinha aturado o padeiro, ao pé de casa, enquanto comprava 2 latas de cafeína para o caminho). E o golão do Rogério (agora já só falta jogar também com um lateral esquerdo). Podem não ter feito muito, mas já deu para não ouvirem assobios ao intervalo.

A segunda parte foi atípica, porque foi o Leiria a dominar. Mesmo quando os visitantes estão a perder, a rapaziada não costuma perder a posse de bola (eu não vi as estatísticas, mas foi esta a sensação com que fiquei). E os tipos começaram a tremer por todo o lado. Vai daí, entra o Carlos Martins (este, para mim, é dos melhores centrocampistas da liga, embora seja obrigado a reconhecer que ultimamente passa por jogador do Benfica, adiante) e metem o Pinilla a aquecer. E eu já vi este filme em qualquer lado: “Pini Pini PiniGol!”; espera lá que este gajo entra, perde duas bolas “à fução” e lixamo-nos no contra-ataque. Mas não, meteu-se mais um defesa, com a correspondente berraria da “curva” (mas berros mesmo).
Seguraram a bola como puderam, sem deslumbrar (o que lhes valeu recomendações como: ”Dêem o ordenado ao Setúbal!”), com o público entre a satisfação dos
3 pontos (“contentam-se com muito pouco”, gritava o velhote) e o insatisfação do mau futebol (é que eu sou do Sporting porque gosto de ver futebol).
Apito final e talvez esta semana se comece outra vez a discutir o 4x4x2 do Koeman ou as tranças do Benni.
FF\Lx

PS – Foto do sítio do SCP e as minhas desculpas pelo atraso.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Eles querem a minha MTV...


Ontem aconteceu o mega-evento da MTV em Lx. Tenho várias coisas a dizer:

Eh pá viram a Madonna?
Eh pá viram a Madonna?
Eh pá viram a Madonna?
Eh pá viram a Madonna?
Eh pá viram a Madonna?


Já não via um caso tão grave do ratio Tesudice/Idade desde que vi a Sophia Loren com mais de 70 anos em lingerie no filme “Prét-a-Porter”. Lembro-me que no desfile de moda final desse filme ter soltado baixinho no cinema um “Uau...pelos púbicos...”, não sei é se foram exactamente estas palavras...bons tempos da adolescência...mas, já estou a divagar...voltando à Madonna, ela tem 45 anos e está enxuta, enxutíssima...

Para a história fica também o momento cómico que foi ver o Figo e o Nuno Gomes a apresentar o prémio em inglês macarrónico...as entrevistas na passadeira vermelha na RTP1 daquela apresentadora histérica e que se está sempre a rir (aquela que apareceu no EURO2004 tão a ver?), que quanto a mim é o ser mais irritante do planeta...os comentários/entrevistas do Álvaro Costa na Antena 3, que quis dar um ar “cool” e “eu é que percebo disto, movimento-me no meio e tal...”, mas não passou dum provinciano subserviente. Esclareço que não gosto da palavra provinciano mas é para entenderem o que eu quero dizer.

As referências constantes no espectáculo ao Leste Europeu/Ásia Central devido ao apresentador ser o Borat (que é uma personagem que eu gosto muito, mas aqui está fora de contexto, acabou por tirar ritmo ao espectáculo) são capazes de confundir os espectadores dos outros países, os tais 1000 milhões...é que eles podem pensar que Portugal apresenta índices de desenvolvimento comparados à Europa de Leste, ou que Lisboa fica no Cazaquistão...mas, se pensarmos bem, isso não será assim tão inverosímil...no entanto irritou-me um bocado as constantes referências às velhas de lenço preto na cabeça nos anúncios televisivos ao show nestes últimos meses...não se esqueçam que foi com os nossos impostos que o evento veio para Lisboa, o governo pagou forte e feio...não sei é se Portugal foi devidamente promovido no processo...

Confesso que a MTV mudou a minha vida em 90/91, contribuiu muito para a expansão dos meus gostos musicais, desde o “YO MTV Raps” (quando praticamente não se vendiam nem haviam discos de hip-hop em Portugal) ao “120 Minutes”, passando pelo programa do Ray Cokes ou o “Alternative Nation”...confesso também que era fã destas cerimónias de prémios, porque eram em directo e a censura já lá não chegava, com momentos de humor brutais, especialmente o Chris Rock...agora são espectáculos assépticos e mesmo assim na América usam um “delay” de 5 minutos, ou seja é um falso directo, para ainda se poder censurar qualquer coisa...aqui na Europa ainda deixaram o Borat mandar umas ferroadas valentes (se bem que gosto mais da personagem Ali G), mas começaram um espectáculo com um “disclaimer” a demarcarem-se de responsabilidades...

A MTV de hoje já não me diz muito com os seus “reality shows” e o crescente airplay de mainstream americano ...existe a MTV2 que, no contacto que tive na Suécia, me parece bastante boa...mas não pude de deixar de ver o espectáculo de ontem há noite...ficam os pregos dos Coldplay, System of a Down e Robbie Williams, os magníficos hologramas dos Gorillaz, a Nelly Furtado muito gorda e muito histérica, as Pussycat Dolls que não me convenceram, a Shakira, as TATU, mas sobretudo:

Eh pá viram a Madonna?


quinta-feira, novembro 03, 2005

Ameaça asiática, em números...


"The world's largest Su Doku puzzle was constructed on a hillside near Chipping Sodbury, very close to the Bath exit of the M4 motorway. It is visible to motorists traveling Eastbound towards London. It measures 275ft square and Sky One offered £5,000 to the first person to solve this "particularly fiendish" grid. It was later realised that there was more than one solution to this particular puzzle."

O que é isto, pá?

Há uns tempos num “suquete” dos 4 felinos domésticos com falta de higiene, o Super-Homem, candidato a Primeiro Ministro, questionava e melindrava o seu adversário humano por este não incluir no seu programa de governo uma solução para o problema Lex Luthor.

Agora pergunto eu: Srs. Candidatos à Presidência da República, onde estão, nos vossos manifestos, soluções para essa grande ameaça à já parca produtividade nacional, o Su Doku?

Como se já não bastasse aqui no trabalho os campeonatos entre os colegas (a horas de expediente) de Su Doku do 24 Horas a valer grades de cerveja, os puzzles colados na porta da retrete para se aproveitar o tempo de descarga e a fotocopiadora a bombar desafios, agora até um dos meus sites de carripanas que eu consulto regularmente oferece um desafio diário...imagino as repartições públicas...qualquer dia em vez dos formulários do IRS, passam-nos uma quadrícula 9x9...

Eu tenho sido imune à crescente “sudokização” do quotidiano porque nunca joguei. Sou avesso a passatempos que dêem muito trabalho ou que seja preciso puxar pela mona. A minha posição oficial actual é: para eu usar a minha inteligência, têm que me pagar. Pese embora o facto de haver quem discuta o rigor científico de se afirmar que eu possuo inteligência.

Sendo assim faço um apelo ao Presidente Jorge Sampaio, pá, que por estes dias já só espera pela rendição, para se dedicar a este problema...faça uma Presidência Aberta sobre o tema, ou coiso e tal, tipo “Dia do Su Doku Aberto”...isto soou mal, não sei porquê...

Eu quero de volta os 40% de espaço nas prateleiras das livrarias e quiosques, especialmente nos quiosques, onde antes se encontravam expostas pérolas como o “Enfermeiras Malvadas 19” ou o “Fim-de-Semana Lusitano – A Foto Reportagem” jazem peças sem graça tipo “Su Doku do Milénio – 2000 Novos Puzzles” ou o infantil “Nodi e Amigos vão jogar Su Doku”...

Lembrem-se apenas que esta peste numérica nunca poderá suplantar em valor cómico as palavras cruzadas engendradas pelas redacções da “Maria” ou da “TV 7 Dias”, por isso contenham a invasão...

Mas pronto, admito que como passatempo para o engarrafamento não esteja mal, olha pendurem um na Calçada de Carriche ou numa passagem pedonal aérea da A5...só espero é que não caia...
Se não resolverem o puzzle da foto, uma das soluções está: AQUI!!!

E será de mim, ou o problema é mesmo dele?

Enquanto este blog está neste estado, cá fica mais um paste. Eu sei que o que escrevo é lamentável, que não me fica nada bem falar da escrita dos outros, que ando com algum mau feitio; mas, este senhor, é editor de economia do “Expresso”… eu que até respeito o “Expresso”...

Jorge Fiel
“Prozac na água da torneira”
29.10.2005
Economia & Internacional

“HÁ ALGUNS anos, quando os meus dois filhos adolescentes ainda eram catraios e a A2 era ainda um projecto, a minha paciência de pai era posta à prova, durante a peregrinação familiar anual ao Algarve, pelo massacrar constante de perguntas vindas do banco de trás: «Ainda falta muito?» e «Quando chegamos?!».
Inventávamos, por isso, jogos, para distrair os miúdos. O mais popular era o da cor dos carros. Cada um escolhia uma cor. Só contavam os automóveis que viessem em sentido contrário. Ganhava quem acertasse primeiro em 20 carros com a cor escolhida. Com estes e outros entretenimentos conquistávamos períodos de trégua das perguntas infernais: «Quando chegamos?» e «Ainda falta muito?!».
Este jogo das cores dos carros seria hoje em dia irrepetível. Por falta de suspense. Ganharia sempre quem escolhesse o cinzento. No nosso parque automóvel, o cinzento triunfa com maioria absoluta, nas declinações metalizado, claro, escuro, rato, etc. Em segundo lugar surgem os carros pretos. E o pódio fica completo com os carros brancos. Tudo cheio de lógica, uma vez que o preto e o branco são o pai e a mãe do cinzento.
A Ana Bela Vieira, minha colega dos venturosos tempos da Revista do EXPRESSO, queria comprar um Fiat Idea cor-de-laranja. Pois não tinham nenhum para entrega nessa cor. Têm vários tipos de cinzento, branco, preto - até azul-bebé. Laranja é que não.
A Ana Bela não se resignou à ditadura do cinzento e encomendou de Itália o seu Fiat laranja - de que está à espera há dois meses.
Admiro a minha amiga pela sua intransigência. É preciso exterminar este sistema kafkiano de pescadinha de rabo na boca em que não há, porque ninguém encomenda, e ninguém encomenda, porque não há.
Eu sei do que falo. Tenho uma carrinha Fiat Marea cinzenta porque quando tive de a comprar, de um momento para o outro, o CEO do EXPRESSO à época vetou a decisão da direcção editorial de me oferecer o meu carro de serviço (uma Renault Espace azul) quando, no ano 2000, deixei de ser editor do Porto - a escolha era entre o preto e o cinzento. Mais nada.
Tal como o seu parque automóvel, Portugal está a acinzentar-se. Nas estradas, a monotonia dos carros cinzentos e de uma paisagem florestal de pinho e eucalipto, eucalipto e pinho, é um sintoma de decadência colectiva, de gente fraca, cheia de pena de si própria, e de um país consumido nas labaredas dos incêndios e das intermináveis sessões judiciais do caso Casa Pia.
Este país triste é o país do fado, que canta a dor, o passado, a impotência, o choro, a desgraça, a traição e a facada. O ressurgimento do fado com as roupagens «modernas», interpretado pelas Marizas, Mísias ou Kátias Guerreiro, é mais um sintoma da decadência colectiva de um povo que em vez de olhar para a frente teima em se virar para trás, cultivando a saudade e ostentando um estranho orgulho em ser escravo da fatalidade e prisioneiro do destino.
Não nos podemos resignar a ser eternamente o país do fado, habitado por invertebrados que com medo de afirmarem a sua opinião, em termos simples de «gosto» ou «não gosto», se refugiam na invenção das meias-tintas do «eu até nem desgosto disto».
Não nos podemos resignar ao triunfo da cobardia do Velho do Restelo sobre o espírito empreendedor, aventureiro e de risco que levou os nossos antepassados a desbravarem o mundo e enfrentarem o perigo e o desconhecido, personificados no Adamastor.
Não nos podemos resignar a ser um país de tristes e de cinzentos. Eu pelo menos não me resigno - como se vê. Para combater o fado, vale tudo. Até mesmo misturar Prozac na água da torneira...”
Lx

quarta-feira, novembro 02, 2005

Dose tripla...

...de posts, eu que andava mudo.

Bem é só para adendar este meu post antigo com um novo facto: Estes gajos passaram a ser exibidos na VH1, em vez de ser na MTV.

Inseriram-me no "target" da meia-idade, estou mesmo velho...

"De battre...

...mon coeur s'est arrêté".

Grande filme, o de domingo no CAE...a história é mais ou menos esta:

Ele era um especulador imobiliário de relativo sucesso, na casa dos 30, filho de especulador imobiliário e de uma pianista clássica famosa, entretanto falecida. Ao encontrar por acaso o antigo agente da sua mãe, este lembra-lhe que também ele era um pianista de talento, quando quisesse teria uma audição, era uma pena que já não tocasse mais.

Ele voltou a ensaiar afincadamente, arranjou uma tutora e marcou a audição para que tinha sido convidado. Seguiu determinado pelo novo caminho que se abriu perante ele, afinal tinha talento para isso, deixou até o que o seu trabalho de especulador sofresse com isso...o resto vejam no filme...


Agora ouçam esta:

Eu sou um engenheiro no início de carreira, a chegar aos 30, filho de engenheiro e de uma farmacêutica cheia de genica. Ao encontrar um amigo músico que há muito não via, este lembra-me que também eu fazia umas brincadeiras com música electrónica no computador, quando quisesse a minha música seria editada numa pequena produção independente, era uma pena que eu já não compusesse mais.

Eu fui ouvir as músicas que tinha feito nostalgicamente, não me increvi num interessante workshop de composição de música em computador que me aconselharam e declinei um convite para ir apresentar a minha música em público. Segui determinado este o caminho que escolhi há uns anos, afinal o talento é relativo e o meu é diminuto, não vou deixar que o meu trabalho de engenheiro sofra com isso...o resto, talvez pertença a Deus como alguns dizem, não sei...

Aqui fica uma das capas dos discos que fiz por brincadeira sob o alter ego que agora dou a conhecer: ILL IGUANA.

Fisterra torrado...




Estas tinham sido esquecidas na "pen", mas aqui vão as fotos da desgraça, versão produção caseira...